Alemanha distingue queniana Juliana Rotich com Prémio África
24 de outubro de 2019"O sucesso de Juliana Rotich encoraja muitas outras mulheres. Mostra o que e o quanto se pode alcançar com boas ideias e determinação. Precisamos de pessoas como ela, que tenham coragem para fazer algo novo e que, com isso, consigam inspirar outros", disse Angela Merkel.
Juliana Rotich é consultora de Tecnologias da Informação e dedica-se ao desenvolvimento de inovações tecnológicas. Aos 42 anos, conta com um vasto currículo. Fundou a BRCK, que é hoje a maior fornecedora de Wi-Fi na África Subsaariana. Criada com o objetivo de colmatar as falhas de energia, tão recorrentes em Nairobi, a BRCK comercializa um router alimentado por bateria que funciona até oito horas sem energia elétrica.
Ushahidi em mais de 160 países
Também a plataforma Ushahidi tem a sua assinatura. O projeto que surgiu quando a violência eclodiu no Quénia, após as eleições de 2007, e permitia que os cidadãos denunciassem casos de violência nas suas regiões através da aplicação.
Mais de uma década depois, a Ushahidi é utilizada em mais de 160 países como ferramenta de resposta a crises. A plataforma já foi usada para denunciar crimes de ódio durante as eleições nos Estados Unidos e apoiar o trabalho humanitário após desastres naturais em países como o Chile e o Nepal.
Em 2010, serviu de ajuda após o terremoto no Haiti. "Foi o primeiro grande destaque da plataforma Ushahidi numa crise humanitária. A ajuda humanitária usou a aplicação para recolher informação inicial antes de avançar para a área do desastre, tendo conseguido avaliar a situação previamente", explica Juliana Rotich.
Para quando novas empresas e empregos?
Esta quarta-feira (23.10), em Berlim, Juliana Rotich agradeceu a distinção e afirmou que o prémio - atribuído pela Fundação Alemã para a África desde 1993 - não é apenas uma honra para ela.
"Este prémio também distingue o potencial das economias digitais em sítios onde não se esperaria que elas existissem. Por isso, estou muito grata. Significa muito para mim, mas também para outros jovens", disse na capital alemã.
No futuro, a empresária queniana quer continuar a contribuir para a resolução de problemas sociais em África através de inovações tecnológicas. E por isso, esta quarta-feira, chamou a atenção para uma das realidades que a preocupa: o crescimento demográfico.
"Cada vez mais jovens estão a entrar nos mercados de trabalho, mas não estamos a criar novas empresas e empregos com a rapidez suficiente. Não estamos a recuperar o atraso", alertou.