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MPLA resistirá à crise dos partidos libertadores da região?

Manuel Luamba
11 de dezembro de 2024

O "nível de contestação" ao MPLA "é muito elevado", dizem analistas ouvidos pela DW. Mas o partido no poder em Angola não teme a crise dos partidos libertadores da região, como a que enfrenta a FRELIMO em Moçambique.

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Vigília em Angola em outubro denunciou repressão e apoiou protestos em Moçambique
Angola "deveria aprender com o que se está a passar agora em Moçambique", afirma o jornalista Ilídio ManuelFoto: Manuel Luamba/DW

O partido no poder em Angola desde 1975 celebrou os seus 68 anos a 10 de dezembro, após contestações sociais, sobretudo por causa do aumento do custo de vida.

"O nível de contestação do MPLA em Angola é bastante elevado, não se consegue quantificar em termos de percentagem, uma vez que as eleições não traduzem a verdade eleitoral", afirma o jornalista angolano Ilídio Manuel.

É por essa alegada falta de verdade eleitoral que Moçambique regista protestos desde a divulgação dos resultados das eleições gerais de 9 de outubro.

Será que o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) vai resistir à crise dos partidos libertadores da região? Ilídio Manuel aconselha o partido no poder a "ler os sinais dos tempos". 

Moçambique e outros exemplos

"Deveria aprender com o que se está a passar agora em Moçambique no sentido de evitar que situações do género voltem a se registar em Angola porque por mais poder que se tenha nunca é eterno", defende o jornalista, lembrando "o exemplo do México", onde o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que esteve no governo durante 70 anos, "depois quando caiu não mais se levantou".

Quem já caiu foi o Partido Democrático do Botswana com quase 60 anos de governação. A Coligação Mudança para Democracia de Duma Boko interrompeu os 58 anos do partido no poder este ano. 

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O Congresso Nacional Africano (ANC), na África do Sul, perdeu a sua maioria absoluta e foi forçado a partilhar o poder com a Aliança Democrática. 

Por que motivo esses partidos estão em queda livre? "É também resultado da inoperância e das promessas eleitorais que muitas vezes não foram cumpridas por esses partidos considerados colossos", responde Nkinkinamo Tussmba, especialista em relações internacionais.

"E outra situação não menos importante é a maturidade eleitoral que os cidadãos de alguns desses países foram adquirindo ao longo de todos esses anos", acrescenta.

Ventos de mudança

E com quase 50 anos de governação, o MPLA não tem medo dos ventos de mudança na região? "O MPLA enquanto partido no poder tem feito o seu trabalho. A oposição é que tem que procurar mudar o paradigma desses acontecimentos", considera Tussmba.

Para o especialista, "o MPLA não tem nada a temer, mas também não podemos pensar que o MPLA tem tudo." Ou seja, "essa onda que está a girar a nível da África Austral" pode chegar a Angola "se o MPLA se acomodar", explica.

"Penso que o MPLA não está distraído quanto a isso. A oposição é que deve fazer muito mais para poder mudar o paradigma", conclui Nkinkinamo Tussmba.

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