Angolanos criticam construção do satélite Angosat-3
15 de maio de 2019O primeiro satélite angolano custou aos cofres do Estado 270 milhões de euros. Lançado a 26 de dezembro de 2017, o Angosat-1 foi efusivamente festejado em Luanda, mas foi sol de pouca dura porque viria a desaparecer dias depois.
O cidadão Cunha António Lopes, residente na capital angolana, afirma que há investimentos mais urgentes no país. "Não seria uma prioridade porque a primeira vez falhou e perdemos dinheiro", diz.
Para substituir o primeiro satélite, está em construção o Angosat-2 com previsão de lançamento para 2021. Ainda faltam quase três anos, mas o Governo angolano já pensa no Angosat-3.
Para o efeito, o Presidente da República, João Lourenço, aprovou a construção, lançamento e colocação em órbita do satélite de observação da terra.
Investimentos urgentes para a sociedade
Elves José Pedro Domingos, outro angolano residente em Luanda, também entende que o novo satélite nao é ainda prioridade para o país, apesar de reconhecer a sua importância. "Penso que temos outras prioridades. Atendendo e vendo a situação em que o país está a passar, as dificuldades que a população tem passado, o Angossat 3 seria numa outra ocasião", diz.
Para o jovem, por enquanto a prioridade devia ser melhorar o fornecimento de água potável. "Os nossos bairros estão com uma crise de água. Há escassez de água. A EPAL está em greve. O governo devia preocupar-se primeiro em resolver os problemas que afligem a sociedade", defende.
Os grandes problemas do país estão nos setores da saúde e da educação. Para além da subida vertiginosa dos principais bens e serviços, "a cesta básica está muito alta e nos hospitais não há medicamentos", explica Cunha António Lopes, habitante da capital angolana. Outro problema ambém as vias de comunicação. "As estradas não estão em condições. A educação está pior: há estudantes na 6ª classe, mas não sabem ler nem escrever", exemplifica.
Otimismo do Governo
O governo de Angola acredita que o Angosat-3 vai trazer muitas vantagens para o país. A posição é sustentada pelo diretor do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa do Ministério de Telecomunicações e Tecnologias de Informação, António de Sousa, sem explicar, no entanto, que benefícios serão esses.
"É um projeto que vai ajudar a desenvolver o nosso país e quando for lançado o satélite vai ficar em órbita dez anos. O satélite está a ser construído em França pela Airbus com quem assinamos um acordo de construção. O satélite que vai ser produzido pelos franceses, que têm tradição na matéria, vai trazer muitas vantagens para o nosso país", considera.