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Aprender na Venezuela ao som da música de Angola

Jorge, Elianah13 de março de 2013

Um acordo entre os dois países levou a Caracas jovens talentos angolanos para uma formação musical. Deverão depois transmitir o que sabem a outros jovens em Angola, pois a música também é uma via para escapar à pobreza.

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Dizem que a música, seja popular ou erudita, é a língua que rompe barreiras. O grupo composto por 17 alunos da Orquestra Infanto-Juvenil Kaposoka, de Angola, comprovou este ditado popular durante uma visita à capital venezuelana Caracas.

Os jovens saíram de Luanda rumo ao país caribenho para melhorar suas técnicas musicais através de um convénio assinado com o Sistema Nacional de Orquestras e Coros da Venezuela. Em apenas onze dias na capital venezuelana, estes dedicados alunos, os melhores do grupo de cordas que integram, fizeram uma imersão nas técnicas musicais ensinadas pelos professores do renomado Sistema.

O diretor da Orquestra Kaposoka, Pedro Fançony, diz que as crianças aprenderam imenso: "Melhoraram muito a qualidade do som! Já tocavam, pensávamos nós bem, agora posso dizer que tocam de uma maneira extraordinária".

O som, diz o diretor, é "completamente diferente. Dos mesmos violinos consegue-se tirar um som completamente diferente, muito melhor, mais limpo, mais nítido, mais lindo, mais agradável. Em Angola quando tocam arrancam lágrimas, agora vão arrancar clamores e lágrimas!"

A música como alternativa à criminalidade

A ideia é fazer com que estes jovens alunos da Kaposoka, com idades compreendidas entre 14 e 17 anos, possam dar continuidade ao que aprenderam na Venezuela e fazer repercutir o interesse pela música entre os demais jovens das comunidades onde residem, de modo a resgatá-los da pobreza e afastá-los da criminalidade. Eles, para além de alunos, passarão também a ser monitores. O Professor Fançony precisa: "As crianças preparadas aqui vão servir de monitores para aquelas outras quinhentas que estão sem professores".

O fundador do Sistema de Orquestra da Venezuela, o Maestro José Antonio Abreu, de 73 anos, elogiou a evolução musical dos alunos angolanos e declarou que o convênio educativo e social com a Orquestra Kaposoka busca combater a falta de professores de música em Angola: "O principal objetivo é formar maestros. Vamos contribuir na medida do possível para isto e eles também têm um excelente nível".

Jovens músicos entusiasmados

O sorriso estampado no rosto dos alunos demonstra o quanto a experiência acrescentou à vida deles. Para Maria Manuela Armando, de 15 anos, não faltam planos para quando chegar ao seu país natal: "O que estamos a aprender aqui temos que transmitir e eu tenho primos pequeninos de três, quatro, cinco anos... Eu estou aqui, mas eu estou a pensar que meus primos também vão tocar e não vão tocar com outra professora. Eu vou ser a professora deles!"

O trabalho iniciado em Caracas vai ter continuidade em Luanda através dos professores da Fundamusical Simón Bolívar, que, em maio deste ano, irão à Angola para estender o ensino a outros alunos. D

e acordo com o embaixador da Venezuela no país africano, Jesús "Chucho" García, este intercâmbio tem raízes históricas: "Temos esta troca de experiência muito importante, ancestral, e que hoje se está expressando aqui, do ponto de vista da música sinfónica".

Harmonia cultural

Esta foi a primeira vez que Mariela Afonso saiu de Angola. A jovem de 16 anos conta que tinha outra opinião sobre a Venezuela, que não sabia muito bem o que esperar. Mas aprovou a experiência: "Sinceramente eu não esperava isso. Eu pensei que fosse um país muito diferente, mas, não, é muito bonito. Eu gostei muito de estar".

Mariela só tem elogios para os professores, que, acha, ensinam muito bem. E ri-se ao dizer: "Se desse para eu ficar aqui, eu ficaria, mas não dá". Para resumir, mais sisuda: "Antes o meu som era diferente e agora mudou muito, graças aos professores".

Para comemorar e se despedir do país, os alunos da Orquestra Kaposoka fizeram uma apresentação, na qual tocaram algumas peças clássicas, mas também misturaram músicas mais agitadas típicas de Angola. O resultado foi uma perfeita harmonia cultural que encheu de alegria e esperança não apenas os alunos e professores, mas todos que puderam assistir ao espetáculo.

Autora: Elianah Jorge/Venezuela
Edição: Cristina Krippahl/Renate Krieger