Arte para todos no Ruanda

O artista Innocent Buregeya não está a pintar este elefante à toa. Quando era criança, o pai levava-o ao Parque Nacional e contava-lhe histórias sobre elefantes. Agora, tenta transmitir o que ouviu através das suas pinturas. Mas, para ter mais sucesso nas vendas, optou por desenhar o elefante em sacos de pano.

Innocent trabalha no centro artístico "Uburanga Arts Studio", na capital ruandesa Kigali. Fundado em 2010, o centro já acolhe uma dúzia de artistas, incluindo pintores, escultores e designers de moda. Alguns deles moram aqui. O centro também organiza exposições, concertos e cursos de artes para crianças de rua.

Jamal Ntagara, de 27 anos, está no centro Uburanga há dois anos. Trabalha neste pequeno atelier. Nas suas obras, pinta o mundo como o vê e reproduz o estilo de vida ruandês. Gosta sobretudo de pintar paisagens. Mas Jamal não quer ser pintor para sempre - a sua meta é ser colecionador de artes plásticas.

"Os vestidos podem mostrar a cultura e modernidade de um lugar", diz Augustin Hakizimana, de 28 anos. No centro Uburanga, o designer produz versões modernas de trajes típicos ruandeses. Tem em atenção os tempos em que vive: Antigamente, por exemplo, as mulheres não cobriam o peito. Hoje, é diferente.

Os artistas ruandeses já não usam só motivos tradicionais. Também refletem na sua arte a modernidade de um país em rápido crescimento. Por isso, atualizam os estilos e as criações. No centro de Kigali, os prédios altos são motivo de inspiração.

Há uma zona pedonal no centro de Kigali desde setembro de 2015. Aos poucos, esta área também começa a ser utilizada por artistas plásticos, incluindo de outro centro artístico, o "Imagine Art Studio". Os artistas querem despertar o interesse dos ruandeses para as artes. Aqui, quem quiser arriscar pode até pintar a sua própria tela.

"Queremos encher a cidade de vida", diz Strong Karakire, do centro "Imagine Art Studio". A ideia de levar a arte às ruas de Kigali foi dele. "Muitos ruandeses nem sabem o que é arte. E, como não vêm ter connosco, vamos nós ter como eles, na zona pedonal." Os artistas vão para o centro de Kigali quase todas as tardes.

Jacques Nkinzingabo é o primeiro fotógrafo do Ruanda a expor as suas obras numa exposição individual. Antes, trabalhava como DJ e vendia CDs. Jacques viajou pelo Ruanda durante três anos para tirar as fotografias patentes nesta exposição do Instituto Goethe, em Kigali. Com as fotos, propõe aos visitantes um outro olhar sobre o país.

Jacques quer mostrar o Ruanda de uma outra forma. O fotógrafo confronta a cultura do país, a vida real e a natureza. E espera que, em breve, a fotografia seja reconhecida como arte no Ruanda. "As pessoas têm de entender que uma foto vale muito mais do que 40 cêntimos", diz.

Os artistas ruandeses precisam de ter uma boa carteira de contactos. Foi por isso que Willy Karekezi (à esquerda), do centro Uburanga, foi à inauguração da exposição de Jacques. Os artistas aproveitam eventos como este para divulgar o seu próprio trabalho. Nenhum deles se vê como concorrente. Juntos, lutam pela arte no Ruanda.