Camarões vão a votos para eleger novo Senado
25 de março de 2018Nos Camarões, as eleições para o Senado aconteceram este domingo, enquanto as tensões continuam a aumentar nas regiões anglófonas do país de maioria francesa, onde os rebeldes separatistas têm combatido as forças do Governo há vários meses.
As eleições para o Senado não se realizam por sufrágio universal. Cerca de 10 mil conselheiros municipais camaroneses foram chamados às urnas para eleger os 70 membros da Câmara Alta, que deverão cumprir um mandato de cinco anos. Posteriormente, o Presidente Paul Biya vai nomear mais 30 nomes para ocupar os lugares restantes naquela casa.
O partido do Governo, o Movimento Popular Democrático dos Camarões (CPDM), já detém uma grande maioria no Senado e é o favorito na votação. A principal oposição, a Frente Social Democrática (SDF), só tem candidatos em cinco das 10 províncias.
O presidente do Senado pode atuar como um chefe de Estado interino, mas a câmara desempenha apenas um papel secundário, focada principalmente na apreciação de projetos de lei.
As autoridades monitoraram de perto a votação nas províncias do noroeste e do sudoeste do país, dois territórios de língua inglesa que se tornaram parte do país de maioria francesa após a independência em 1960.
Tensão na região anglófona
As tensões têm crescido nessas áreas – que correspondem a cerca de um quinto da população de 23 milhões de pessoas – desde que os separatistas autoproclamaram a república autônoma da Ambazónia em outubro do ano passado.
O país teve uma tortuosa história colonial que passou do domínio alemão para mãos francesas e britânicas, e a minoria anglófona queixou-se de ter sido marginalizada pela elite francófona.
O conflito entre os rebeldes e o Exército tornou-se cada vez mais sério, com os separatistas exortando as forças armadas e os funcionários do Governo a deixar o território.
Entretanto, novos grupos separatistas estão surgindo, enquanto as autoridades de Yaoundé reduziram ao mínimo suas comunicações. O conflito já provocou a fuga de mais de 30 mil pessoas da região, que se refugiam principalmente na Nigéria.