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Direitos HumanosMédio Oriente

Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah é frágil?

Tania Krämer | Jennifer Holleis
28 de novembro de 2024

Após a entrada em vigor do cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah esta quarta-feira, as comunidades deslocadas começaram a regressar aos seus lugares de origem. Mas reina o medo e a insegurança.

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Libanon Beirut | Vertriebene kehren nach Waffenruhe in den Südlibanon zurück
Foto: ANWAR AMRO/AFP/Getty Images

Na sequência do acordo de cessar-fogo entre Israel e o Líbano, muitos residentes do norte de Israel esperam regressar às casas que evacuaram há quase 14 meses.

Viviam em comunidades próximas da fronteira com o Líbano, perto da chamada Linha Azul, a linha de demarcação da ONU entre o Líbano e Israel. Deixaram as suas casas após os ataques do Hamas a 7 de outubro de 2023, no sul de Israel.

O Governo israelita ainda não deu luz verde para o regresso dos mais de 60.000 evacuados do norte. No entanto, para alguns deslocados, a felicidade de regressar as suas casas mistura-se com o sentimento de que este cessar-fogo não compensa todo o dano causado a Israel.

Tzahi David, residente de Kiryat Shmona, mudou-se com a família para um quarto de hotel em Jerusalém e sente que o seu país deixou trabalho por fazer: "Basicamente, não nos sentimos bem com o acordo. Quer dizer, não tenho qualquer problema com o cessar-fogo, mas não queremos parar neste momento."

E David acrescenta: "Quero dizer, sinto que pagámos um preço. A minha família pagou um preço, a minha comunidade pagou um preço, e sentimos que não terminámos o trabalho. Por isso, não sei porque é que pagámos um preço tão elevado por tudo o que aconteceu no último ano”.

Moran Brustin, residente no Kibbutz HaGoshrim e mãe de três filhos, regressou a casa no mês passado, embora a sua comunidade ainda esteja evacuada. Ela relata que a insegurança continua: "Penso que é um problema o facto de termos parado a guerra, mas não termos terminado o trabalho".

"E embora eu não apoie a guerra, mas parece que nada mudou. Há dois minutos ouvi uma sirene e tive de pôr os meus filhos no chão e deitar-me em cima deles, porque não temos uma sala segura em casa, e nada mudou. O que garante que alguma coisa vai mudar?", questiona.

Tzahi David, residente de Kiryat Shmona
Tzahi David, residente de Kiryat ShmonaFoto: MediaCentral

Discursos belicistas

Horas após o acordo de cessar-fogo entrar em vigor no Líbano, o grupo xiita libanês Hezbollah proclamou a sua "vitória" perante Israel, garantindo que conseguiu "derrotar" o Exército israelita. Em comunicado, a milícia enumerou vários factos para justificar a consideração de "vitória".

O Hezbollah afirmou que "foi o campo de batalha que falou, com combatentes firmes que confiam em Alá para frustrar os objetivos do inimigo, derrotar o seu Exército e escrever com o seu sangue epopeias de resistência".

Orna Weinberg, uma agricultora do Kibbutz Manara e mãe de quatro filhos, teme que este cessar-fogo dê nova vida à milícia: "Desejo realmente que haja paz em toda a região. Mas sinto que fazer um cessar-fogo agora significa que estamos a dar ao Hezbollah e ao Irão uma reanimação. E eu não quero fazer isso. Assusta-me muito”.

E apesar do cessar-fogo, o Hezbollah afirmou esta quarta-feira (27.11) que os seus combatentes "permanecem totalmente preparados” para enfrentar Israel caso as hostilidades voltem a se intensificar. Mais de 3.800 pessoas foram mortas e outas 1,5 milhões obrigadas a abandonar as suas casas no Líbano, ao fim de mais de um ano de confrontos entre as partes. 

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