Cidadãos com deficiência pedem maior integração na sociedade angolana
29 de janeiro de 2014Os portadores de deficiência física dizem viver uma certa exclusão social no seio da sociedade angolana.
Os seus direitos à educação e habitação, por exemplo, são colocados em segundo plano, de acordo com o presidente da Associação dos Cegos e Amblíopes de Angola na Região Sul e Kuando Kubango, Manuel Freitas Salussinga. A discriminação é feita de forma indireta. Faltam rampas nas instituições públicas, as ruas estão esburacadas.
Além disso, segundo Salussinga, o Estado tende a olhar para a pessoa com deficiência de uma perspetiva meramente assistencialista. Mas é preciso lidar com esta questão de outra forma, comenta o responsável.
"As políticas estatais já existem mas precisam de ser aplicadas. Em vez de se pensar apenas no imediato da pessoa com deficiência tem de se pensar mais na sua preparação como cidadão, para que ela participe na sociedade como cidadão e não como beneficiário", diz.
Máquina de escrever Braille é cara
Integrar as pessoas com deficiência passa sobretudo pela sua formação, afirma Manuel Freitas Salussinga. Mas faltam meios e especialistas.
"A máquina de escrever Braille é muito cara, custa cerca de mil dólares norte-americanos", lembra. "A nossa luta por uma educação de qualidade, para uma integração efetiva e real da pessoa com cegueira, tem de estar na difusão e aprofundamento do sistema Braille. Mas atualmente, na escola que presta este serviço, a Escola Polivalente de Ensino Especial, não se pode ensinar Braille de forma aprofundada porque faltam meios e pessoal especializado."
Para que situações do género sejam ultrapassadas, o Instituto Superior de Ciências da Educação do Lubango (ISCED) está a formar os seus quadros.
"Vamos ter agora um programa de formação dos nossos docentes para os capacitarmos a trabalhar com estudantes com deficiência", diz o diretor-geral adjunto para a área académica, Carlos Pinto. "Este ano já temos estudantes com deficiência. Temos tido vários êxitos com muitas dificuldades."
A DW África tentou ouvir a Direção Provincial da Assistência e Reinserção Social sobre este tema mas não foi bem sucedida.