Munícipes de Lichinga apontam dedo acusador à edililidade
22 de dezembro de 2016Com dezoito anos no processo de municipalização, Lichinga ocupa o oitavo lugar no ranking da boa governação entre os cinquenta e quatro municípios existentes em Moçambique. O comité de monitoria de responsabilização social realizou na passada quarta-feira (21.12.) a primeira audição pública na cidade de Lichinga. O objetivo era avaliar de forma clara o desempenho da edilidade durante o ano de 2015.
Nesta avaliação, o referido órgão constatou que houve irregularidades na planificação e execução dos programas desenvolvidos pelo município de Lichinga. Alguns munícipes presentes na audição afirmaram que a edilidade local está a funcionar na base do "amiguismo". Este foi o primeiro encontro público após o escândalo do edil Saíde Amido pelo seu envolvimento nos crimes de corrupção passiva e abuso de poder. Ele foi condenado a 18 meses de prisão em finais de maio de 2016, mas convertidos em multas pelo tribunal judicial de Lichinga.
Rafael Mateus foi um dos presentes e falou à DW África: "Eu acho que esse município está a funcionar como se fosse uma associação de amigos e conterrâneos de Lichinga como que alguém esteja fugir de uma coisa. Quando alguém cessa [funções] tem que apresentar documentos e dizer onde é que terminou a atividade e não dizer que não tem informações a prestar."
Luís Pedro, outro munícipe, partilha da mesma posição e apela ao presidente do Conselho Municipal a remodelar o seu elenco governativo. Para ele "o presidente do Conselho Municipal tem que sentar e avaliar os seus vereadores e se um vereador não é capaz de responder, então que seja demitido. Se não sabem justificar questões relacionadas com o bem-estar da população, então que se coloque alguém capaz de ajudar a desenvolver esta cidade de Lichinga.”
Município promete mudanças
Depois de muitas críticas feitas pelos munícipes sobre o mau desempenho da edilidade, Saíde Amido, o presidente do Conselho Municipal de Lichinga, reconheceu no final do encontro os erros apontados. Ele garantiu convocar um outro encontro visando discutir e adotar um plano visando o melhoramento da prestação de serviços do orgão que tutela.
Por seu turno, o presidente do comité monitório de responsabilização social em Lichinga, Jafar Amado, sublinhou que o primeiro passo já foi dado com a realização desta primeira audição e espera mudanças de atitude pela edilidade local: "Espero que daqui para frente os vereadores, o presidente do município e a assembleia municipal façam a sua parte. E inclusive eu como munícipe tenho de trabalhar para o desenvolvimento da minha cidade.”