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David Mendes: "Apesar de todas as ameaças terminou a época do medo"

29 de maio de 2012

A Comissão de Direitos Humanos da União Africana exortou o governo angolano a tomar medidas para evitar qualquer ataque a David Mendes, advogado e líder do Partido Popular (na foto: à direita).

https://p.dw.com/p/154AR
Titel: Verurteilte Demonstranten in Benguela Schlagworte: Opposition Angola, Demonstrationen Wer hat das Bild gemacht?: Nelson Sul d'Angola (DW) Wann wurde das Bild gemacht?: 16.3.2012 Wo wurde das Bild aufgenommen?: Benguela, Angola Bildbeschreibung: Bei welcher Gelegenheit / in welcher Situation wurde das Bild aufgenommen? Wer oder was ist auf dem Bild zu sehen? von Links nach rechts: Jesse Lufendo, Hugo Calumbo, Davi Jongo - drei Demonstranten die am 16.3. in Benguela zu 45 Tagen Haft verurteilt wurden, da sie am 10.3. gegen die Regierung von Präsident José Eduardo dos Santos demonstriert hatten. Ganz rechts auf dem Foto zu sehen: ihr Anwalt David Mendes.
Verurteilte Demonstranten in BenguelaFoto: DW / Sul d'Angola

O apelo foi feito numa carta da Comissão dos Direitos Humanos datada de 30 de abril, que se baseia numa queixa encaminhada à União Africana pela organização não-governamental de defesa dos direitos humanos "Centre for Human Rights", com sede na África do Sul. A queixa da ONG chama a atenção para o facto de o governo angolano cometer violações de direitos humanos contra David Mendes, em particular, desde que Mendes apresentou uma queixa criminal à Promotoria Geral do Estado de Angola, acusando o presidente angolano de corrupção e de desvio de fundos.

A DW África conversou hoje (29.05.2012) com David Mendes e perguntou se ele espera que o governo de José Eduardo dos Santos vai acatar o pedido da Comissão de Direitos Humanos da União Africana.

David Mendes (DM): Eu acredito que o Presidente da República José Eduardo dos Santos não queira mais ver o seu nome envolvido em crimes e acredito que a internacionalização do meu caso torna visível qualquer ação que se possa cometer contra mim.

DW África: Tem conhecimento de alguma reação do governo angolano a esta carta da Comissão de Direitos Humanos da União Africana?

DM: Eu acho que o governo angolano não vai responder a essa carta. Vai-se manter no silêncio. Só espero que o Provedor da Justiça e o secretário de Estado dos Direitos Humanos encarem esta situação com muita preocupação. Em dois processos crime nós requeremos às autoridades que se esforcem por proteger determinadas pessoas e passado um tempo algumas dessas pessoas foram mortas. A União Africana, com essa carta, com essa recomendação, pode chamar a atenção o regime do Presidente José Eduardo dos Santos, contribuindo assim para que eles encararem com mais responsabilidade a proteção do meu património e sobretudo da minha própria vida.

DW África: Acha que a sua vida está ameaçada em Angola?

Jose Eduardo dos Santos attends African Cup of Nations final soccer match between Gnaha and Egypt, in Luanda, Angola, Sunday, Jan. 31, 2010. (AP Photo/Darko Bandic)
José Eduardo dos Santos, presidente angolano, (na foto), foi acusado por David Mendes de desvio de dinheiros públicos para as suas contas pessoaisFoto: picture alliance/dpa

DM: Todas as pessoas sabem qual é a minha verdadeira situação. Tudo se complicou a partir do momento em que eu tive a ousadia de publicar as contas do presidente José Eduardo dos Santos e de apresentar uma queixa crime por peculato, devido aos milhões de dólares que foram desviados dos cofres do Estado para as contas do Presidente José Eduardo dos Santos. Ameaçaram-me com a morte, partiram-me o carro, invadiram a sede do meu partido, dispararam com dois tiros contra a sede da associação ‘Mãos Livres”, onde também trabalho como advogado, assaltaram os nossos escritórios em Benguela, foram também ao escrotório do Partido Popular no Moxico e destruiram a nossa documentação que tinha a vêr com a apresentação de assinaturas para a corrida eleitoral, prenderam o nosso secretário durante muito tempo em parte incerta e foi preciso exercer muita pressão para que ele reaparecesse, e com regularidade continuo a receber – por sms, por telephone e em vários sites na internet – ameaças diretas contra a minha pessoa.

DW África: Declarou a sua intenção de concorrer às eleições em Angola. Espera vencer as eleições deste ano?

DM: Mesmo não vencendo, acho que estou a contribuir para a democratização de Angola. Vencendo ou não estas eleições queremos emitir um sinal bem claro que a época do medo terminou. Estamos numa fase em que – em situações normais – estariamos em condições de derrubar este regime.

Autora: Renate Krieger
Edição: António Cascais / António Rocha

29.05 David Mendes Entrevista - MP3-Mono

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