Em São Tomé e Príncipe já se sonha com os Jogos Olímpicos
25 de julho de 2019A pouco menos de um mês do início da 12ª edição dos Jogos Africanos, em Rabat, Marrocos, a seleção de atletismo de São Tomé e Príncipe está focada num estágio de preparação no Estádio Nacional 12 de Julho.
É a primeira vez que os Jogos Africanos servem como prova de qualificação para aquela que é vista como a rainha de todas as competições: os Jogos Olímpicos.
Falta de apoios
Gorete Semedo, 20 anos, é velocista e está ciente das dificuldades que a esperam em Rabat. "Vai ser um grande desafio. Treino, mas não tenho todas as condições necessárias. Aqui não temos ginásio", lamenta a jovem.
Em 2016, após cortar a meta dos 100 metros com o tempo de 11.50 segundos, a atleta ganhou de imediato direito a uma bolsa olímpica, financiada pela Solidariedade Olímpica, com o objetivo de treinar num centro de alto rendimento no estrangeiro. Gorete Semedo nunca chegou a sair do país.
A Federação de Atletismo de São Tomé e Príncipe não terá encontrado um centro que pudesse acolher a atleta. "Tenho o objetivo de fazer o mínimo de 11.40 ou 11.30 segundos. Tenho uma bolsa olimpíca e já deveria estar fora do país. Mas estão a trabalhar no sentido [de usufruirmos] da bolsa", comenta a velocista.
Em Sevilha, Espanha, os canoístas Bully Triste e Rock Neto preparam com afinco a grande competição. Os dois atletas vão também marcar presença em Marrocos e lutar pela qualificação. Triste esteve nos Jogos do Rio de Janeiro (2016) e encara o apuramento para aquela que será a segunda participação nas Olimpíadas com responsabilidade.
"Cada vez que falo com Bully, ele diz-me que não vai viajar para brincar, mas sim para se qualificar para os Jogos Olímpicos", comenta João Costa Alegre, presidente da Federação de Canoagem de São-Tomé e Príncipe e do Comité Olímpico nacional. "Vai ser uma competição renhida", acrescenta.
Sem verbas para a estadia em Rabat
São Tomé e Príncipe estará presente nos Jogos Africanos em Marrocos com uma delegação de 21 atletas de desportos como atletismo, canoagem, taekwondo e xadrez.
O Estado ainda não conseguiu garantir o pagamento da estadia da delegação em Marrocos. O Comité Olímpico são-tomense já desbloqueou cerca de 60 mil euros, mas falta ainda algum financiamento por parte do Governo. "Falta-nos uma parte fundamental que é a estadia e o pagamento de cotas para estar em Marrocos. Creio que tudo estará a postos e que iremos, porque o Governo já se comprometeu", diz Filipe Neto, chefe da missão para os Jogos Africanos.
Entre os dias 19 e 31 de agosto, 53 países competem em 26 modalidades desportivas nos Jogos Africanos de Rabat, Marrocos, a maioria com o objetivo de carimbar o passaporte rumo ao Japão em 2020.