Faltam médicos nos hospitais públicos em Inhambane
8 de dezembro de 2016Muitos doentes acabam perdendo a vida pelo caminho. Outros têm recorrido aos hospitais privados. O médico-chefe na Direção Provincial de Saúde na região, Stelio Tembe, confirma, em entrevista à DW África, a insuficiência de pessoal nos hospitais na província moçambicana de Inhambane e diz que está a ser feito um esforço para minimizar a situação.
Faltam profissionais para tratar doenças de fígado, febre tifóide, tuberculoses. Além de doenças relacionadas com o vírus HIV/SIDA e até mesmo tratamento para mulheres que sofreram lesões durante o parto.
Na região de Inhambane, há médicos especialistas apenas nos Hospitais Provincial e Rurais de Vilanculo, Massinga, Chicuque e Quissico. Ainda assim, em número reduzido.
Mortes
Segundo disse em entrevista à DW África Abel Pedro, membro do Observatório do Fórum da Sociedade Civil (FOPROI) em Inhambane, o problema é muito sério, pois, diante desta situação, nem todos conseguem ser atendidos e por isso acabam perdendo a vida.
Ele conta ter assistido pacientes que percorreram cerca de 300 quilómetros em viaturas privadas desde a Cidade de Maxixe até chegar ao Hospital Rural de Vilanculo.
Ainda segundo Abel Pedro, a tensão político-militar em Moçambique e a crise económica podem ter feito com que muitos médicos regressassem às suas regiões de origem. "Isso é um problema muito sério. Já assisti alguns doentes que tinham de sair daqui [da Cidade da Maxixe] e ir a outros distritos. Além de irem ao Hospital Provincial de Inhambane, também têm ido ao Hospital Rural de Vilanculo para se submeterem a operações”, diz Abel Pedro.
Dívidas ocultas
Sobre a falta de médicos, ele acredita que especialistas podem ter regressado às suas terras por causa da crise e "das dívidas ocultas que o Governo efetuou”, acrescenta o membro do FOPROI.
Stelio Tembe, médico-chefe na Direção Provincial de Saúde em Inhambane, afirma que a falta de médicos especialistas nos hospitais públicos afeta, sobretudo, as zonas rurais e alguns distritos. "Já temos médicos nas sedes distritais. O nosso foco é continuar a colocar médicos nos postos administrativos”, conclui.