Faltam pediatras em Moçambique
10 de novembro de 2016Maiza, de três anos, está com fortes de dores de cabeça. A mãe, Cristina, está desesperada na fila de atendimento do Hospital Geral José Macamo, em Maputo. Está à espera há mais de seis horas.
"Não estão a atender a ninguém. Isto começou com uma dor de cabeça, mas se ficar aqui muito tempo pode agravar-se", conta Cristina à DW África.
Este é o reflexo da falta de médicos em Moçambique. Há apenas 0,6 pediatras por cada 100.000 crianças menores de 14 anos, segundo as contas de Valéria Chicamba, chefe do Programa Nacional de Pediatria.
Ao todo, Moçambique tem apenas 68 pediatras para atender mais de 12 milhões de crianças. A falta de especialistas compromete o objetivo do país de reduzir a mortalidade infantil - atualmente, há 64 mortes em cada mil nascimentos. De acordo com a pediatra Eugénia Marcos, algumas das principais causas de morte são doenças diarreicas, doenças respiratórias e o HIV-SIDA. Muitas crianças morrem com menos de 28 dias de idade devido à "prematuridade, sepse [inflamação no organismo] e asfixia", explica a médica.
Só 10 pediatras fora de Maputo
A grande maioria dos especialistas em saúde infantil está em Maputo. Apenas dez pediatras trabalham fora da capital moçambicana. Numa sociedade patriarcal, é difícil tirar a mulher de perto do seu cônjuge para trabalhar fora, nas províncias, esclarece Valéria Chicamba.
Gaza, no sul de Moçambique, é o caso mais crítico: Não há nenhum pediatra na província.
As autoridades sanitárias reconhecem que é preciso formar mais especialistas em saúde materno-infantil. O Governo moçambicano promete apostar na formação de 120 pediatras nas onze províncias do país até 2025.