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Ficção do guineense Sana N'hada fala da influência estrangeira na Guiné

Carlos,João20 de junho de 2013

Estreia do filme "Kadjike" do realizador guineense Sana N'hada marca programação do "Próximo Futuro", um programa Gulbenkian de Cultura Contemporânea. em Lisboa.

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O Programa "Próximo Futuro" da Fundação Calouste Gulbenkian apresenta a partir desta sexta feira (21.06), na capital portuguesa,mais um ciclo de eventos culturais dedicado às ideias e à criação artística contemporânea dos países do sul de África.

Dezenove anos depois do fim do Apartheid na África do Sul, a temporada abre com a "Festa da Literatura" e conta com a participação de vários escritores e pensadores de países lusófonos.

O cinema também marca presença com a estreia mundial no dia 24 de "Kadjike", um filme sugestivo do realizador guineense Sana N'hada, que registrou as primeiras imagens sobre Amílcar Cabral, pai na independência da Guiné-Bissau, em setembro de 1972.

Sobre o filme

"Tal como no paraíso original, os habitantes do arquipélago Bijagós vivem de acordo com as tradições dos seus antepassados e em absoluto respeito pela natureza, até que um dia, traficantes de droga ocupam as suas ilhas sagradas. Quando o feiticeiro da aldeia morre, tudo parece estar perdido, mas o seu jovem aprendiz aceita ser o sucessor e decide lutar contra os invasores para salvar a aldeia."

Este é o resumo da obra de ficção do realizador guineense Sana N'hada. No filme, os personagens vivem em consonância com os espíritos dos antepassados e nesta aldeia fictícia existe uma ilha para a prática da agricultura, explica N'hada.

O realizador lembra que, no arquipélago que faz parte da Guiné-Bissau, "Kadjike" significa mata sagrada onde os jovens vão aprender as coisas da vida.

O apelo

Chega-se à conclusão que, neste filme produzido por Luís Correia da Lx Filmes, o realizador guineense apela à preservação do património natural, apesar da força das tradições.

"A idéia é que aquilo que eles têm e a maneira que vivem é muito bom, mas que: se continuarem assim, os estrangeiros podem-lhe levar tudo. Estão realmente a levar tudo. Há pesca furtiva e abuso de recursos. Eles podem ficar sem nada. É o caso de toda a Guiné-Bissau e de toda a África", explica N'hada

No filme, a esperança está no casal de jovens que assume a missão de salvar a ilha.

O pai da independência da Guiné

Após a estréia mundial da longa-metragem Kadjike, marcada para o dia 24 de junho, a portuguesa Filipa César apresenta (dia 25) a trilogia evocativa de Amílcar Cabral.

Uma parte das imagens em arquivo recolhidas desde 1972 por Flora Gomes e Sana N'hada, entre outros, foi recuperada pelo Instituto de Cinema de Berlim com financiam entro do governo alemão.