Fim do conflito na RDC, ciclone na Somália e diamantes africanos raros na imprensa alemã
Os jornais alemães Berliner Zeitung e Süddeutsche Zeitung trazem uma reportagem sobre os danos causados pela passagem de um ciclone pela região parcialmente autônoma de Puntland, na Somália.
"Emergência no Corno de África: após uma tempestade, chuva forte e inundações, centenas de pessoas desapareceram na Somália," escreve o jornalista do Berliner Zeitung, destacando as estimativas das autoridades de que o fenómeno climático tenha deixado cerca de 300 mortos.
Cerca de 100 mil animais também morreram, "privando dezenas de milhares de agricultores de seus meios de subsistência," escreve o Süddeutsche Zeitung. Fala-se também da falta de água potável, cobertores e alimentos e recorda-se o histórico de conflitos do país.
Seria o fim de um conflito?
O Die Zeit destacou o fim da rebelião do M23 no leste da República Democrática do Congo, sob o título "Soldados da ONU também podem ter sucesso na guerra". De acordo com a reportagem, a rebelião teria terminado "graças a uma potente tropa da ONU e porque os instigadores da guerra foram expostos a uma pressão internacional."
O comandante do M23, Sultani Mukenga, teria se rendido no Uganda, país onde decorrem há meses as tentativas de negociar a paz e que é, ao mesmo tempo, acusado de ter apoiado o grupo. A reportagem destaca o papel crucial das tropas da ONU, sob a liderança do alemão Martin Kobler, para a inversão de posições no conflito, que o M23 liderava até outubro passado.
Elogiados são os papéis da organização internacional Human Rights Watch e dos observadores das Nações Unidas que divulgaram os fornecedores de armas e dinheiro no Ruanda e no Uganda.
Também o Die Tageszeitung abriu espaço em suas páginas para falar do fim do conflito no leste da RDC, mas a crítica já veio no título: "Kabila salvo. E o Congo?" A reportagem também aborda a contribuição alemã na resolução do conflito, mas enfatiza que "o futuro do país permanece incerto".
Esta matéria aborda os fatos de a RDC estar na última posição da lista de desenvolvimento das Nações Unidas e de 70 milhões de congoleses viverem em condição de "amarga pobreza", num "Estado que não funciona" e que não estaria correspondendo às exigências de reforma impostas pelos doadores.
Diamantes de sangue?
"61 milhões de euros por um diamante" é o título da matéria do Frankfurter Allgemeine Zeitung, sobre a venda de uma pedra africana, em Genebra. "Diamantes coloridos são raros e caros. Para a rosada 'Pink Star', foi pago o preço recorde de 61 milhões e 700 mil euros," escreve a jornalista sobre o leilão da maior pedra de diamante cor-de-rosa, e também a mais cara do mundo, que foi vendida a um especialista de Nova Iorque.
A reportagem explica que os diamantes coloridos são mais caros, porque correspondem a 0,01% da produção das minas. De acordo com os especialistas citados na matéria, os principais interessados em comprar os diamantes raros seriam milionários da América Latina, Oriente Médio e Ásia, mas a pedra terminou nas mãos de um norte-americano.
Destaca-se ainda que 65% dos diamantes brutos vêm de África e que, geralmente, vendedores e compradores permanecem anónimos. De onde exatamente brotou a pedra Pink Star permanece em segredo. Sabe-se apenas que ela saiu de uma mina da De Beers, a maior empresa produtora de diamantes do mundo, no ano de 1999.
De acordo com o Conselho Mundial de Diamantes, citado na reportagem, o comércio de jóias com diamantes movimenta um volume anual de 72 mil milhões de dólares.
No dia anterior, o Süddeutsche Zeitung já havia apresentado uma reportagem sobre a venda, também em valor recorde, da maior pedra alaranjada do mundo, pelo mesmo leilão em Genebra, na Suíça. O valor pago pela pedra, que também veio de África, foi 23 milhões de euros e cerca de 200 pessoas participaram do leilão.