Fora de controle, desmatamento na Guiné-Bissau é milionário
O fenômeno cresceu desde o golpe militar de abril de 2012. As comunidades das aldeias atingidas condenam, mas preferem se calar. Espalha-se o medo de represálias por parte de quem está por trás do crime ecológico.
Impotência nas tabancas
Os moradores acreditam que o desmatamento causa a falta de chuvas. "Somos agricultores e um agricultor sem chuva não pode produzir", disse um agricultor de Bafatá. Ele levou a reportagem até uma área onde havia restos dos troncos que foram carregados em contentores dias antes. "Houve protestos, mas agora as pessoas estão sendo ameaçadas. Ninguém mais fala sobre isso", diz.
A pressa das eleições
A reportagem da DW África apurou que as pessoas responsáveis pelo crime ambiental temiam que o novo Governo da Guiné-Bissau reforçasse à fiscalização. Por isso, havia pressa para cortar troncos antes da primeira volta do pleito. O movimento de caminhões era intenso nas principais rodovias. Na pressa, o motor deste caminhão fundiu quando voltava para o interior para buscar mais troncos.
Os resíduos
Contentores também eram encontrados à beira das estradas, deixados por cortadores para serem carregados ou levados posteriormente. Apesar de motoristas em pequenas viaturas serem abordados constantemente por integrantes das forças de segurança nas estradas, eram comuns imagens como esta da pressa do corte de madeira antes das eleições.
Para garantir o sustento?
Uma fonte da reportagem diz que a venda de dois contêineres de madeira garante o sustento de uma família por alguns meses. "Muitos que entraram no negócio irregular estão ricos", diz. Para ele, o corte ilegal está tão elevado devido ao momento que o país vive. "Não há controle, não há Estado. Só quem tem uma madeireira pode conseguir essa licença. Mas agora todo mundo está no mato", salienta.
Caminhões esperam a vez
A DW África apurou que, em 2010, saíram 15 contentores com madeira do porto de Bissau, Em 2013, o número chegou a 409 – aumento de quase 30 vezes em três anos. O movimento de caminhões foi constante em Bissau durante o período pré-eleitoral, quando a DW África documentou o fenômeno. Ativistas escreveram um panfleto anônimo com dados sobre a exportação. A mídia local deixou de falar do assunto.
Destinos variados
A DW África apurou que, em 2010, saíram 15 contentores de madeira do porto de Bissau. O número de carregamentos chegou a 409 – um aumento de quase 30 vezes em três anos. Ambientalistas dizem que o príncipal destino dos trocos de árvore é a China, mas há indícios de que a madeira esteja sendo comercializada com outros países também. Na foto, um dos contentores no porto de Bissau.
As reações internacionais
O embaixador da China na Guiné-Bissau, Yan Banghua, disse que o país não faz negócios ilegais com o país africano, respeita as leis e mantém boa cooperação com o Governo local. O representante do secretário-geral da ONU, José Ramos-Horta, visitou um local onde as madeiras estão sendo cortadas. Ele disse acreditar que a comunidade internacional vá se levantar contra os crimes ambientais.