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Gana: Vitória de John Mahama encoraja oposição em África

Isaac Mugabi
13 de dezembro de 2024

Vitória de John Mahama, no Gana, despertou entusiasmo nas democracias emergentes de África. Especialistas alertam que os partidos da oposição devem se concentrar nas necessidades do eleitorado para ganharem as eleições.

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Gana | Apoiantes de John Mahama
Apoiantes de John Mahama comemoraram a sua vitória em todo o paísFoto: OLYMPIA DE MAISMONT/AFP

No Gana, a vitória do líder da oposição, John Mahama, nas eleições presidenciais do passado domingo (8.12) é um marco significativo na política africana. A Comissão Eleitoral confirmou que, concluída a contagem dos votos, o partido de Mahama, o Congresso Nacional Democrático (NDC), obteve cerca de 56% dos votos expressos.

A vitória de Mahama contra o Vice-Presidente Mahamudu Bawumia, candidato do partido no poder, o Novo Partido Patriótico (NPP), rejuvenesceu os partidos da oposição em África que procuram a mudança, mostrando que não só é possível como é alcançável.

Após oito anos com o NPP no poder, a vitória de Mahama inspira ainda mais os grupos da oposição no continente, depois de, no início do ano, os líderes em exercício noutras nações africanas terem sido depostos.

Responsabilização nas urnas

Segundo Ben Graham Jones, consultor especializado em desafios emergentes à integridade eleitoral, a responsabilidade na urna eleitoral foi uma questão fundamental para garantir uma contagem de votos rápida e fiável.

"Os agentes do partido podem ver e pediram para assinar o processo a todos os níveis, para poderem comparar os resultados que obtiveram dos seus representantes através do apuramento paralelo dos votos. Isto permite aos partidos verificar se o processo em si está em conformidade com os dados de que dispõem", explica. 

Eleições presidenciais no Gana
John Mahama prometeu corrigir a economia e "reiniciar" o GanaFoto: Misper Apawu/AP/picture alliance

Ainda antes das eleições, os partidos assinaram um acordo de paz para aceitar o resultado das eleições, um feito raro para outras partes de África.

A vitória de Mahama pode ser atribuída, em grande parte, ao facto de ter conseguido atrair o voto dos jovens. 

Prometeu criar programas startup destinados a apoiar jovens empresários e agricultores. Uma promessa que convenceu 10,3 milhões de eleitores com idades compreendidas entre os 18 e os 35 anos, de um total de 18,7 milhões de eleitores registados no Gana.

Durante a campanha, Mahama também prometeu corrigir a economia e "reiniciar" o Gana, um país há muito aclamado como um farol de democracia no continente.

O consultor Graham Jones afirma que "os dados mostram que é possível motivar a mudança de comportamento falando ao coração das pessoas".

"Este ano, houve ventos contrários na economia mundial que favoreceram os partidos da oposição em muitos países do mundo que se debateram com a situação económica global", acrescenta. 

Samson Itodo, diretor executivo da Yiaga Africa, uma ONG que promove a democracia participativa, os direitos humanos e a participação cívica, defende que os ganeses votaram numa nova liderança por várias razões, incluindo a economia, a segurança, a captura do Estado e a corrupção.

Comercialização de cacau no leste do Gana
Com o presidente cessante Nana Akufo-Addo, a economia do Gana sofreu um declínio acentuado por exemplo no comércio de cacauFoto: Xu Zheng/Xinhua/picture alliance

"Bawumia escreveu o seu nome em ouro"

"No período que antecedeu estas eleições, o Gana foi submetido a um teste decisivo à sua maturidade democrática. Colocar a nação em primeiro lugar acima das aspirações pessoais é o maior ato e o Bawumia escreveu o seu nome em ouro", sublinha.

Itodo também elogiou o Vice-Presidente Mahumudu Bawumia, o candidato do partido no poder, NPP, por ter admitido a derrota e felicitado o seu opositor com antecedência suficiente para evitar qualquer possível explosão de violência.

"Ele só pôde admitir a derrota porque o processo foi transparente e credível. E é isso que estamos a pedir a outros países".

No que toca a eleições no próximo ano no continente africano, o consultor Graham Jones prevê um ano dificil para a oposição.

"Penso que 2025 é o verdadeiro teste em que temos eleições importantes e em que não se sabe ao certo que rumo vão tomar e até que ponto os recursos do Estado podem ou não ser utilizados para apoiar os candidatos em exercício", conclui.

Para os analistas ouvidos pela DW, países como o Burundi, Camarões, Gabão e o Mali, onde se sabe que a oposição é silenciada, a mudança de regime será um cenário improvável. Em nações com um sistema de governação bastante híbrido, como o Malawi, a Tanzânia e a Costa do Marfim, a oposição poderá expulsar do poder os partidos no poder ou, pelo menos, afrouxar significativamente o seu controlo.

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