Governo angolano acusado de intimidar a oposição
16 de março de 2011Inspirada nos acontecimentos ocorridos no Egito e na Tunísia, onde o protesto popular desencadeou verdadeiras revoluções, que varreram do governo regimes corruptos, a manifestação fora convocada via Internet para o dia 7 de março de 2011.
Em entrevista à Deutsche Welle, Lisa Rimli, representante da HRW para questões ligadas à África, diz que os acontecimentos puseram em causa a liberdade de reunião pacífica, O governo, diz Lisa Rimli, recorreu aos meios de comunicação social do Estado para advertir a população que «qualquer pessoa que se manifestasse no dia 7 de março seria punida por incitação à violência».
Não contente com esta ameaça, o Governo, diz Rimli, realçou que quem se manifestasse «seria responsável por trazer o país de volta a uma guerra civil». O partido governamental, lembra a ativista, convocou para antes da manifestação de protesto uma «marcha pela paz», para posicionar o MPLA como representante da paz, num contraste alegado com aos objetivos dos opositores.
Participantes obrigados a participar na marcha
A HRW tem informações fidedignas de que o MPLA obrigou professores a estudantes a participar nesta marcha, ameaçando os professores que se recusassem com perda de emprego e outras sanções e os alunos com «problemas na escola».
Lisa Rimli avaliou também a postura dos partidos da oposição. A União Nacional da Independência Total de Angola, UNITA, disse, escusou-se, desde o início, a participar, alegando que a convocação para a marcha de protesto ocorria de forma anónima. Os três partidos mais pequenos foram também alvo de intimidação. É o caso «do líder de um desses partidos, advogado e defensor dos direitos humanos, que recebeu ameaças de morte».
Para Lisa Rimli, trata-se de «sinais muito importantes, que deviam levar a polícia a investigar seriamente».
Autor: António Cascais/Cristina Krippahl
Revisão: António Rocha