Guiné-Bissau tem novo Governo
O novo Governo, anunciado por Serifo Nhamadjo, substitui o executivo de transição nomeado em maio de 2012, e deverá manter-se até ao fim do período de transição, em dezembro.
O governo remodelado, na perspectiva de ser mais inclusivo, é constituído na sua maioria pelos quadros do PAIGC e PRS - as duas principais forças políticas do país - e algumas figuras independentes. O Executivo conta com 34 membros: 19 ministros e 15 secretários de estado, com apenas 5 mulheres.
A maioria dos membros do atual Executivo já desempenharam as funções ministeriais no passado, alguns transitaram no executivo empossado há um ano para o atual e outros são estreantes.
Novo governo é resultado do "consenso nacional"
A cerimónia de tomada de posse dos membros de governo teve lugar esta sexta-feira, nas instalações da Presidência da República. O novo governo "é a expressão viva do consenso nacional hoje possível", disse Serifo Nhamadjo, perante o presidente da Assembleia, as chefias militares, os representantes da ONU, da União Africana e da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).
Pela frente, o novo Governo tem a missão de assegurar a transição até à realização de eleições gerais ainda este ano. Serifo Nhamadjo disse mesmo aos membros do Executivo que lhes é "confiada e exigida no essencial, e só, uma missão: a realização de eleições gerais", que vão pôr termo ao presente período de transição iniciado há um ano com um golpe de estado que depôs o regime de Carlos Gomes Júnior.
O novo governo empossado esta sexta-feira continua a ser chefiado por Rui Duarte de Barros, que manteve parte dos ministros. Mas há algumas mudanças: Fernando Delfim da Silva é o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, em substituição de Faustino Imbali, que deixa o executivo. Abubacar Demba Dahaba deixa também a pasta das Finanças, agora ocupada por Gino Mendes.
ONU aplaude formação do novo governo
O representante especial do secretário-geral das Nações Unidas na Guiné-Bissau, José Ramos-Horta, já se congratulou com a formação de um novo Governo de transição e disse esperar que a comunidade internacional venha apoiar financeiramente o país.
"Felicito as autoridades de transição, todos os partidos políticos que lutaram durante meses, num diálogo intenso, com as suas diferenças, pontos de vista, mas que conseguiram chegar a um acordo. Merecem os nossos parabéns e apoios", disse Ramos- Horta, em declarações à agência Lusa, à margem de uma visita ao mercado de Bissau.
De acordo com Ramos-Horta, estão criadas as condições para que a comunidade internacional avance com os "apoios concretos, pelo menos da parte da ONU".
"O Fundo para a Consolidação da Paz já vai ser ativado. Vou fazer apelo à União Africana, à Comunidade de Países de Língua Portuguesa, à União Europeia para também darem passos correspondentes a esses progressos internos", observou o representante da ONU, instando a União Europeia a ser mais compreensiva para com a Guiné-Bissau.
Apesar das palavras de apoio, começam a surgir as primeiras críticas. Rui Landim, analista guineense, considera que o número de membros do Governo é exagerado e visa apenas agradar ao clientelismo.