Injustiça em Angola e ténues progressos na Somália em destaque na imprensa alemã
10 de maio de 2013“ O nosso povo não deve sofrer”. Este foi o título escolhido pelo Die Tageszeitung para a entrevista feita ao líder da UNITA, Isaías Samakuva. O jornal pergunta porque é que sendo Angola um dos países mais ricos de África é simultaneamente um barril de pólvora. Samakuva refere que nos musseques (bairros de lata) de Luanda falta por exemplo um bem essencial como água potável ou que “ninguém sabe muito bem o que acontece com o Fundo Soberano, quanto dinheiro está lá dentro e o que é feito com esse dinheiro”.
O Die Tageszeitung analisa os progressos concretos feitos na Somália. Refere que a campanha de vacinação lançada em Mogadíscio ainda só chegou a 30 por cento das crianças somalianas, mas há motivos de satisfação. “A Somália vai receber um milhão de vacinas financiadas pela parceria público-privada Gavi e a campanha de vacinação é apoiada pela UNICEF e pela Organização Mundial de Saúde”. Um dos médicos citados na reportagem do DieTageszeitung no Hospital de Banadir em Mogadíscio, afirma que “em 2007 o Hospital estava às moscas. Os doentes deitavam-se no chão em colchões velhos. Na sala de operações existia apenas uma mesa e uma garrafa de oxigénio”. Agora a situação alterou-se para muito melhor. Depois que as milícias Al-Schabaab deixaram a capital somali o Hospital recebeu apoio financeiro estrangeiro. “Mas a segurança em Mogadíscio ainda deixa muito a desejar”, sublinha o diário. As milícias islâmicas da Al - Shabaab ainda cometem numerosos ataques suicidas.
Atentados como os que fizeram pelo menos 11 mortos no domingo em Mogadíscio “lembram-nos quanto trabalho há a fazer na luta contra o terrorismo”, declarou o primeiro-ministro britânico, David Cameron, durante a Conferência de Londres, citado pelo DieTageszeitung. O ataque foi reivindicado pelo grupo radical islamista al-Shabaab que, em comunicado citados pelas agências, disse pretender realizar mais atentados idênticos contra o governo somali, que acusou de ser uma "marioneta" das potências ocidentais.
A Al-Shabaab é um grupo com ligações à Al-Qaeda e que pretende tomar o poder total na Somália, onde já controla algumas regiões. O grupo iniciou uma campanha de atentados depois da saída das forças internacionais de manutenção de paz da capital. A segurança em todo o país é muito frágil e nas principais cidades a pouca que se sente deve-se à presença de uma força da União Africana.
Líbia a braços coma herança de Kadhafi
"A Líbia bate-se com o seu próprio passado” titula o Berliner Zeitung. O Congresso Geral Nacional Líbio (o Parlamento do pais), aprovou no domingo (05.05), uma controversa lei que prevê a exclusão política de colaboradores do regime de Muammar Kadhafi. Prevê-se que o texto votado vigore durante uma década. Além de antigos ministros e embaixadores, a lei determina o afastamento de responsáveis de meios de comunicação social e da segurança interna, dirigentes de sindicatos de estudantes e reitores de universidades.
“A questão é particularmente sensível” escreve o Berliner Zeitung porque muitos dos membros do actual governo estiveram ao serviço de Kadhafi até pouco antes do inicio da insurreição armada. É o caso por exemplo da Mahmoud Jibril o chefe da Aliança Nacional que na sequência das eleições do ano passado se tornou na primeira força política líbia. Quem beneficia com a lei, aponta o jornal, é a Irmandade Muçulmana, que só regressou à Líbia após a revolução.
Crescimento e desigualdade no continente africano
Destaque também na imprensa alemã para o Fórum Económico Mundial dedicado ao continente africano que decorreu na África do Sul. O Die Zeit publica uma longa entrevista com Jan Walliser, o responsável por África no Banco Mundial, onde se dá conta do dinamismo económico que o continente vive neste momento. Já o Frankfurter Allgemeine Zeitung sublinha que de facto há crescimento económico assinalável no continente africano porém as debilidades em matéria de infraestruturas e a distribuição desigual da riqueza funcionam como travões do desenvolvimento.