Jornais alemães comentam temas africanos
13 de julho de 2012
O matutino de Berlim Der Tagesspiegel fala sobre mais uma tragédia envolvendo refugiados africanos que atravessavam o mediterrâneo a caminho da Europa: "Tinham entrado no alto mar em finais de Junho, algures na Líbia, perto da cidade deTripoli. Eram ao todo 55 jovens africanos, maioritáriamente oriundos da Eritreia ou da Somália. Fiscais marítimos tunisinos apenas encontraram um único sobrevivente, um jovem eritreu que flutuava, no alto mar, agarrado ao que restava de um barco de borracha. O mediterrâneo continua a ser uma espécie de cemitério. O ACNUR diz que - apenas em 2012 - já morreram cerca de 170 refugiados africanos, de forma mais ou menos idêntica a este último caso, ocorrido na terça-feira."
O diário Neues Deutschland, também publicado em Berlim, aproveita a triste notícia para falar de uma iniciativa internacional que há muito tempo denuncia os perigos a que os refugiados se submetem e são submetidos: "A organização 'Boats 4 People' manifesta-se contra o facto da União Europeia erigir barreiras cada vez mais altas, para se proteger de imigrantes africanos pobres. A manifestação tem lugar no próprio Mediterrâneo, a bordo de um barco que faz a viagem entre a Itália e a Tunísia. Para além disso, a mesma organização organiza visitas de jornalistas a muitos centros de acolhimento de refugiados, em vários países mediterrânicos. Várias organizações de Itália, Alemanha, França, Áustria, Holanda, Mali, Líbia e Níger participam nesta ação de protesto."
O jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung comenta as ultimas previsões sobre o crescimento demográfico, publicadas pelas Nações Unidas: "Cada dia que passa a população mundial aumenta em 230 mil pessoas, o que equivale a um aumento anual de 83 milhões. O continente africano é o que cresce mais rápidamente. Prevê-se que - até ao fim do século - o número de habitantes da África subsaariana quadruplique, passando de 900 milhões para cerca de 3 mil e 400 milhões. Os países africanos deveriam adaptar as suas políticas e as suas infraestruturas a essa realidade, mas isso não acontece em quase nenhum país africano, conclui o comentador."
Quem vai liderar a União africana? - Questão abordada pelo jornal Neues Deutschland: "O atual presidente da comissão, o gabonês Jean Ping, gostaria de continuar a ocupar o cargo. Mas a África do Sul está determinada em impor a atual ministra do interior e ex-esposa do presidente, Nkozansa Dlamini-Zuma. A determinação de Jakob Zuma em apoiar a sua ex-mulher deve-se ao facto dela poder vir a fazer-lhe concorrência na corrida à chefia do ANC,(Congresso Nacional Africano) que deverá ser escolhida em congresso, ainda este ano. Se Nkozansa Dlamini-Zuma não for para a União africana, ela poderá apoiar os opositores de Jakob Zuma nesse próximo congresso do ANC, teme o presidente sul-africano."
Autor: António Cascais
Edição: António Rocha