Julgamento de supostos apoiantes da RENAMO
2 de abril de 2015
Seis supostos apoiantes da RENAMO e que foram detidos há nove dias, durante confrontos com a polícia na cidade de Chimoio, no centro de Moçambique, compareceram esta quinta-feira (02.04) no tribunal para a primeira audiência.
A sessão foi suspensa duas horas depois, porque os agentes policiais que efetuaram as prisões não compareceram e também por falta de sintonia entre a nota de culpa elaborada pela polícia e os depoimentos dos seis arguidos. A próxima sessão terá lugar na segunda-feira (06.04).
As seis pessoas são acusadas de tentar invadir um edifício público e provocar distúrbio popular na sequência de confrontos com a polícia moçambica na capital provincial de Manica, quando as autoridades municipais proibiram a realização de um comício do líder do maior partido da oposição, Afonso Dhlakama, no Estádio Municipal de Chimoio.
Polícia alega que comício não foi autorizado e RENAMO diz o contrário
A polícia alegou que o comício não foi autorizado e, por isso, foi montado um cordão de segurança policial que os apoiantes da RENAMO tentaram atravessar à força.
Para o maior partido da oposição a autorização para a realização do comício foi solicitada com antecedência, mas as autoridades municipais não aceitaram de imediato, e pediram ao partido de Afonso Dhlakama que aguardasse.Munongolo Campira da direção da RENAMO em Chimoio, disse aos jornalistas que “quando ocorreram os disparos as pessoas agora presas, estavam de passagem pelo local e como não fugiram como as outras porque não tinham nada a ver com o tumulto, chegou a polícia e foram apanhadas. Não havia mais ninguém e por isso foram presas pelos agentes”.
Arguidos dizem que não pertencem à RENAMO
Os arguidos têm insistido que não são membros da RENAMO e a própria oposição já confirmou esta informação. Mas Campira disse à DW África que se deslocou ao tribunal “em defesa dos cidadãos mesmo que os arguidos não sejam membros do meu partido. Estou aqui para dizer que essas pessoas não devem permanecer na prisão principalmente quando se sabe que a própria polícia não compareceu na audiência.”
Por outro lado, a RENAMO, acusou a polícia e o Ministério Público de tentar queimar tempo como forma de intimidar a principal força política da oposição emMoçambique. “Este governo sempre tentou intimidar a RENAMO para poder ganhar tempo em qualquer processo. Não sei se a justiça e a polícia fizeram um mau ou bom trabalho, o certo é que estão pessoas presas ilegalmente”, sublinhou Campira.
Para Bartolomeu Amone, porta-voz da polícia de Chimoio, “estamos a saber agora que o julgamento começou hoje. Normalmente a polícia elabora o auto e remete a outras instancias para os procedimmentos a seguir. Se o julgamento foi hoje e se o tribunal necessita do pronunciamento da polícia sobre o caso, acredito que a qualquer momento poderá solicitar-nos os dados em falta para a continuação do processo”.Entretanto, Luísa Chaimite, mãe de um dos acusados, aparentemente agastada com o caso, disse à DW África que o seu filho não pertence a nenhum partido politico e pelo facto ficou surpresa com a informação referente à sua detenção que “na altura da prisão buscava o seu ganha pão”.