Lago Kivu é fonte de energia para o Ruanda
22 de junho de 2012Às margens do Lago Kivu, 200 trabalhadores constroem o que deverá se tornar um projecto modelo no Ruanda, no Leste de África. Aos poucos, eregem uma plataforma destinada à extração do metano subaquático, 13 quilómetros ao largo da costa.
Aqui serão instaladas condutas que levarão o gás a instalações maiores no país, onde o metano será transformado em electricidade. O engenheiro Roy Morter, que trabalha para uma empresa norte-americana, chefia os trabalhos.
Morter já construiu muitas centrais de energia, mas afirma ser esta uma experiência única. "Nunca fiz nada semelhante. É verdade que a central de energia não é muito diferente das nossas. Mas é a primeira vez que trabalho com estas ferramentas de extracção", diz.
Extração do gás metano
A plataforma é montada em terra, de onde será arrastada para o meio do lago, com várias torres de perfuração com mais de 30 metros de altura, que sugam o metano do fundo do mar. O dióxido de carbono assim extraído volta a ser lançado para o lago Kivu. Alguns especialistas receiam que este processo seja perigoso.
Trata-se do primeiro no seu género e ninguém sabe ao certo como vai reagir o lago. Nos anos 80 do século passado, o dióxido de carbono surgido de um lago matou mais de 1.700 pessoas. Há quem, por isso, chame a lagos como o Kivu lagos assassinos.
Mas Roy Morter não tem dúvidas: não vai acontecer nada. Pelo contrário, diz, a extracção do metano reduz o perigo. O engenheiro compara o processo com uma garrafa de champanhe.
"Quando a pressão escapa, as bolhas sobem. Se extrairmos metano e dióxido de carbono de camadas a mais de 400 metros de profundidade, estamos, por assim dizer, a extrair as bolhas", explica.
Tal como uma rolha já não salta da garrafa de champanhe que perdeu a pressão, os gases também não subirão mais à superfície do lago, garante o engenheiro.
Autosuficiência energética
O projecto de exploração de metano custa cerca de 150 milhões de dólares norte-americanos. Numa primeira fase, deverão ser produzidos 25 megawatts. Prevê-se o arranque da produção para o final deste ano. Mais tarde, as capacidades deverão ser aumentadas até 100 megawatts.
"O Ruanda deixará de ter preocupações com o fornecimento de energia. Por isso, este projecto é tão importante e é por isso que estamos a cooperar estreitamente com o Governo ruandês", avalia o engenheiro Roy Morter.
A central deverá produzir energia suficiente para abastecer todo o país e até algum excedente para exportar. O que, para o Ruanda, pode ser o equivalente a um salto no desenvolvimento. O metano do lago assassino teria para o país o mesmo valor que um jazigo de petróleo.
Autoras: Antje Diekhans/Cristina Krippahl
Edição: Cristiane Vieira Teixeira/António Rocha