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Manifestação contra Eduardo dos Santos bloqueada

26 de setembro de 2011

Ouviram-se vozes a favor e contra o Presidente Eduardo dos Santos, em Luanda, no fim-de-semana de 24 e 25 de setembro. A marcha de repúdio ao regime angolano foi interdita, mas não se registaram detenções.

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Manifestantes angolanos frente à embaixada do país em Londres a 7 de março, data que marca também a primeira manifestação do ano contra o Presidente Eduardo dos SantosFoto: Huck

Neste domingo (25.09) saíram à rua cerca de uma centena de jovens que exigiam a libertação de 18 outros jovens manifestantes, já condenados a penas de prisão de 45 e 90 dias, por terem estado envolvidos em protestos contra o Presidente, a 3 de setembro. Os manifestantes reclamavam ainda o afastamento do Chefe de Estado e uma maior democratização no país.

O percurso da manifestação entre o cemitério de Santa Ana e o Largo da Independência não estava autorizado pelo Governo Provincial de Luanda. E cerca de 10 minutos depois do início, a marcha dos jovens foi travada por agentes da autoridade. Nas ruas ouviam-se os agentes: “A polícia volta a lembrar, a vossa manifestação é pacífica”.

A polícia nacional apelava, assim, para que a marcha seguisse o itinerário determinado pelo Governo Provincial de Luanda e se dirigisse, portanto, para o Campo Felício. Impedindo o avanço do grupo, como previsto, em direção à emblemática Praça 1º de Maio, também conhecida como Praça da Independência, no centro de Luanda.

Bloqueados mas não detidos

Angolas Präsident Jose Eduardo dos Santos
Ouviram-se vozes de apoio e contestatárias ao regime de Eduardo dos Santos, durante o fim-de-semana de 24 e 25 de setembroFoto: picture-alliance / dpa

Viveram-se, pois, momentos de tensão. De um lado estavam os manifestantes parados num impasse, rejeitando a ordem. E do outro, estavam os agentes da polícia nacional, equipados com armas de guerra, gás lacrimogéneo, cães treinados, entre outros meios. À semelhança do que aconteceu na manifestação de 3 de setembro, houve indícios de que agentes à paisana se terão infiltrado entre os jovens manifestantes.

Após o impasse, os manifestantes optaram por não seguir para o Largo da Independência, como desejavam, mas também não se encaminharam para o Campo de Felício. A manifestação acabaria por se dispersar, a meio da tarde, perto do cemitério de Santa Ana.

Apesar da brutalidade exercida por agentes da polícia nacional contra os jovens manifestantes, não houve detenções. Registou-se ainda um incidente, no qual o equipamento de jornalistas da RTP, a Rádio e Televisão de Portugal, ficou danificado. Outros profissionais de imprensa viram o seu trabalho ameaçado e bateram em retirada devido à carga policial que estava a ser exercida.

A onda da manifestação estendeu-se também a províncias como Bié, no centro, e Benguela, no litoral centro do país. Nesta última província, as pessoas rebelaram-se contra as autoridades devido a um problema de acesso à habitação.

Apoio a Eduardo dos Santos

Já antes, no sábado (24.09), saíram às ruas partidários e simpatizantes do MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola), o partido no poder. O objetivo foi elogiar os feitos do Presidente José Eduardo dos Santos, um dos Chefes de Estado africanos há mais tempo na frente de um país, 32 anos.

As vozes favoráveis ao regime ao regime de Angola ouviram-se nos municípios de Luanda de Cacuaco, Cazenga, Ingombota, Kilamba Kiaxi, Maianga, Samba, Sambizanga e Viana. Os apoiantes contaram com a forte presença da polícia nacional.

Um dos manifestantes envolvidos mostrava-se satisfeito no final da manifestação de apoio, dizendo que “fizemos uma grande marcha em apoio ao nosso líder incontestável, o camarada Presidente José Eduardo dos Santos”.

Devido a esta manifestação do MPLA, a marcha contra o presidente, que estava inicialmente planeada também para sábado (24.09) foi adiada para domingo (25.09), devido aos rumores de confronto entre as duas forças, caso colidissem na mesma data.


Autora: Manuel Vieira (Luanda) / Glória Sousa (com agência Lusa)
Edição: António Rocha