Marido de Valentina Guebuza condenado a 24 anos de prisão
23 de janeiro de 2018A sentença foi lida esta terça-feira (23.01) no Tribunal Judicial de Maputo perante uma audiência repleta de gente, incluindo familiares de Valentina Guebuza, entre eles o pai, o ex-chefe de Estado Armando Guebuza.
Durante a leitura do acórdão, a juíza da causa, Flávia Mondlane, afirmou que ficou provado durante o julgamento que Zófimo Muiane, 44 anos, matou deliberadamente a esposa, na altura com 36 anos, com um tiro no tórax e outro no abdómen, no quarto da residência do casal, no bairro da Polana Cimento, coração da capital moçambicana.
Além de homicídio qualificado, o réu foi condenado por violência psicológica, falsificação de documentos de identificação e uso indevido de arma de fogo.
O tribunal apontou como situações agravantes o facto de o arguido não demonstrar arrependimento durante o julgamento e não ter colaborado com a Justiça.
Tribunal exclui hipótese de acidente
Zófimo Muiane declarou-se sempre inocente, alegando que Valentina Guebuza perdeu a vida durante uma disputa pela pistola que a vítima terá arrancado da cintura do marido para o expulsar de casa sob ameaça. "Tudo o que disseram é fabricação", afirmou Muiane na última sessão.
Mas, segundo a juíza Flávia Mondlane, "os peritos em balística descartaram a possibilidade de ter sido um tiro acidental".
Segundo o Ministério Público, o casal tinha problemas e a vítima queixava-se de maus-tratos e de violência doméstica. Os padrinhos e uma colaboradora da vítima relataram que estiveram na habitação do casal antes do homicídio para tentar resolver uma crise no casamento.
Na ocasião, Valentina Guebuza pediu a separação do marido durante algum tempo para que a situação se apaziguasse, mas Muiane, que era gestor da empresa estatal de telefonia móvel Mcel, recusou a separação, refere o Ministério Público.
Defesa pediu pena máxima
Ao longo de oito sessões de julgamento, iniciado a 18 de dezembro, foram ouvidas 15 pessoas, entre padrinhos e amigos do casal, peritos em medicina legal e criminalistas.
Os advogados da família Guebuza exigiam a pena máxima e, ao ouvirem a sentença, consideraram que foi feita justiça.
"É lógico que, representando a família Guebuza, não nos podemos dar por satisfeitos, porque a vida da Valentina nunca será devolvida. Creio que o mais importante era que Valentina aqui estivesse e, não estando, ainda há este vazio. Em todo o caso, há aqui que salientar que foi feito um trabalho muito meritório", afirmou um dos advogados da família, Alexandre Chivale.
Por seu turno, a defesa do arguido mostrou-se inconformada com a sentença e prometeu recorrer.
"Não vamos discutir a sentença neste momento, mas achamos que foi injusta. Houve muita pressa por parte do tribunal. Nós levantámos questões pertinentes e não foram observadas com calma", referiu Amadeu Uqueio, advogado de Zófimo Muiane.