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Hospital de Maputo com apenas 60% dos profissionais

Lusa
26 de dezembro de 2024

O Hospital Central de Maputo está a funcionar com 60% do pessoal de saúde necessário, devido à tensão social na sequência dos resultados das eleições moçambicanas, e algumas enfermarias já esgotaram a capacidade.

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Hospital Central de Maputo, em Moçambique
Nas últimas 24 horas, o Hospital Central de Maputo registou dois óbitos relacionados com as manifestações e 49 pessoas baleadas, entre outras ocorrências. Foto: DW/J. Beck

"Em termos de profissionais de saúde estamos a 60% daquilo que devíamos ter (...) Tivemos esta noite o reforço de alguns colegas que estão de férias, de alguns colegas que não são desta unidade sanitária", explicou hoje a diretora clínica substituta do HCM, Eugénia Macassa, ao fazer o balanço das últimas 24 horas. 

"Agradecemos bastante esse reforço que chegou e ajudou-nos a dar vazão aos doentes que precisavam de ser operados e estamos a ver que necessidades mais precisamos, que é para depois fazer um apelo", acrescentou. 

Em causa está a agitação social que se verifica desde segunda-feira (23.12), com barricadas em várias zonas da capital, saques, vandalização de equipamentos públicos e privados por manifestantes que contestam os resultados anunciados das eleições gerais de 09 de outubro. 

Nas últimas 24 horas, afirmou ainda, o HCM registou dois óbitos relacionados com as manifestações e 49 pessoas baleadas, entre outras ocorrências.

"Continuamos a receber pacientes críticos, muitos deles vítimas das manifestações. O facto de recebermos muitos pacientes vítimas de trauma torna as nossas equipas exaustas. Há colegas que estão a fazer 48/72 horas", disse.

"Continuamos com falta de alguns consumíveis, pelos mesmos motivos, as vias de acesso, a facilidade para os fornecedores chegarem ao hospital, temos problemas com alimentação, temos problemas com combustível, estamos com enfermarias cheias de pacientes, principalmente aquelas que internam pacientes com trauma", reconheceu a responsável.

"Naquelas enfermarias que são específicas para doentes com traumas já esgotou. Estamos a internar os pacientes com trauma em outros locais. Temos muitos doentes que estão à espera de internamento e já estamos a acionar um outro pedido de apoio a nível do Grande Maputo para aquelas situações onde não será possível oferecer o internamento nesta unidade", disse Eugénia Macassa. 

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Com várias vias bloqueadas por manifestantes, a responsável apontou os problemas de segurança que as equipas médicas estão a enfrentar: "Temos profissionais de saúde que são violentados a caminho do hospital e as nossas ambulâncias também são violentadas quando tentam passar pelas vias que estão bloqueadas. Por isso voltamos a fazer o apelo para permitir que os profissionais de saúde passem e cheguem à unidade sanitária para prestar cuidados aos pacientes que aqui chegam".

Num hospital que tem necessidades diárias de cem unidades de sangue, de 0,45 litros, o 'stock' atual é de apenas 59, deixando, nas últimas 24 horas, dois pedidos de transfusão por satisfazer, apesar da adesão de dadores de sangue nos últimos dias, relatou ainda.

Moçambique vive o quarto dia de tensão social na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais, marcados nos anteriores por saques, vandalizações e barricadas, nomeadamente em Maputo, em que morreram pelo menos 56 pessoas, nos dias 23 e 24 d.e dezembro.

Este número soma-se aos pelo menos 130 mortos registados desde 21 de outubro nos confrontos entre manifestantes e as forças de segurança, segundo a plataforma eleitoral Decide.

O Conselho Constitucional de Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.

Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.

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