Três mortos e 27 feridos em manifestações em Nampula
29 de novembro de 2024"Três pacientes morreram, dois dos quais morreram na nossa instituição porque apresentaram lesões graves e em estado crítico, um dos três entrou na nossa unidade sanitária sem vida. Foram trinta [pacientes] e apareciam em grupos, cada um na sua situação", disse à imprensa o porta-voz do HCN, Hermenegildo Mulenga.
Segundo o representante, alguns dos pacientes atendidos já tiveram alta hospitalar. "Nós observámos e a alguns dos pacientes demos altas a nível do banco de socorro. Boa parte dos pacientes nós encaminhámos para o serviço de traumatologia e eles lá internaram alguns e deram alta a outros", disse o porta-voz.
Hermenegildo Mulenga explicou ainda que as entradas exigiram o reforço da equipa de saúde para o atendimento dos feridos.
"Dois pacientes apresentaram lesões graves e precisaram ser internados nos cuidados intensivos (...) Nós tivemos que reforçar a equipa para dar conta da situação", concluiu.
Dados da Plataforma Eleitoral Decide, organização não-governamental (ONG) sediada em Moçambique que monitoriza os processos eleitorais, apontam igualmente para três mortos nestas manifestações pós-eleitorais de quarta-feira (27.11) até à tarde de quinta-feira (28.11), todas em Nampula, mas acrescentam dez casos de pessoas baleadas, nomeadamente quatro em Nampula, três em Maputo e outras três em Inhambane. O partido PODEMOS fala em 13 vítimas mortais.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou na terça-feira à população moçambicana para, durante três dias, até hoje, abandonar os carros a partir das 08:00 nas ruas, com cartazes de contestação eleitoral, até regressarem do trabalho.
"A partir das 08:00 [menos duas horas em Lisboa], em plena estrada, não nos passeios. Vamos usar as nossas estradas como parques de estacionamento, com os carros cheios de cartazes. Fechamos o carro, vamos andar a pé, até ao local de trabalho", apelou Venâncio Mondlane.
"Deixa o carro no meio da estrada com os seus cartazes. Deixa o carro e vai trabalhar", insistiu, sobre esta nova fase de contestação ao processo eleitoral envolvendo as eleições gerais de 09 de outubro.
Venâncio Mondlane tem convocado estas manifestações, que degeneram em confrontos com a polícia - que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar -, como forma de contestar a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.