Deslocados internos tentam reerguer-se em Gondola
28 de setembro de 2022Quando se refugiaram no município de Gondola, província central de Manica, os deslocados viviam em condições deploráveis. Moravam em tendas e dependiam do apoio do Governo, sobretudo para se alimentarem.
Mas, passado algum tempo, muitos deslocados começam a reerguer-se. Já possuem campos agrícolas, estabelecimentos comerciais de pequena escala e casas melhoradas.
Alguns abandonaram as tendas onde viviam e deixaram de viver de esmolas, fruto de um trabalho conjugado entre as vítimas e o Governo.
Passo a passo
Em Gondola, a DW África conversou com Rocha José, que disse estar a progredir devido ao seu negócio no setor da agricultura.
Contou que a última época agrícola foi um sucesso. Conseguiu um boa produção e, com o dinheiro que ganhou, já faz planos. "Pretendo fazer outra coisa que poderá ajudar-me junto da minha família", disse.
Francisco Fabião, pai de oito filhos, também contou à DW África que as atividades agrícolas e comerciais estão a surtir os efeitos desejados entre os deslocados.
"Eu fiz esta banca para sustentar a minha família", contou. "Aqui estamos a viver bem, ao contrário da região onde saí".
"Aqui não há problema nenhum"
Os ataques que afetaram severamente as províncias de Manica e Sofala, na região centro do país, provocaram milhares de deslocados entre 2019 e 2021. A maior parte refugiou-se no distrito de Gondola, tida como uma das regiões mais seguras.
Sevene Armando explica que deixou tudo o que tinha na sua região por causa dos ataques. E enaltece o esforço do Governo moçambicano, pelo acolhimento e doação de alimentos e material de abrigo.
"As pessoas já estão a construir as casas, outros estão a fazer as bancas, machambas, e estamos a ficar bem. Aqui não há problema nenhum", diz.
A edilidade de Gondola e o Governo central, através do Instituto Nacional de Gestão de Risco de Desastres (INGD), providenciaram as condições básicas, faltando apenas a corrente elétrica na região onde estão reassentados os deslocados.
Arlindo Ngozo, edil de Gondola diz que há muitos exemplos de superação entre os deslocados, mas promete que as autoridades continuarão a apoiar este grupo: "É o nosso papel, como município, estar ao lado da população. Hoje o conflito parou, mas a população ainda está aqui", afirmou o autarca.
Construindo uma nova vida
Alguns deslocados no distrito de Gondola abraçaram a área da construção civil e a carpintaria; a maior parte dedica-se à agricultura e ao comércio.
"A nossa vida está a andar bem", comenta Amélia Bene, uma deslocada que encontrou em Gondola uma forma de mudar de vida. Está neste momento a construir uma casa feita de tijolos queimados e cimento, algo que não tinha na sua zona de origem.
"Já começámos a construir casas melhoradas e temos também machambas, onde produzimos mandioca, milho, feijão boer. Não está nada mal", conclui.