Estudantes de Inhambane impedidos de continuar licenciatura
22 de janeiro de 2019A Universidade Mussa Bin Bique, em Inhambane, estava a funcionar há mais de 15 anos, mas teve de fechar as portas.
Em dezembro, o Ministério da Ciência e Tecnologia Ensino Superior e Técnico Profissional recomendou o encerramento da universidade, alegando vários motivos: a falta de salas de aula apropriadas e de laboratórios, a falta de um plano de formação do corpo docente e a existência de dois reitores, um deles na delegação da província de Nampula.
Rodrigues Tamele, diretor provincial da Ciência e Tecnologia em Inhambane, diz que a decisão é o culminar de um trabalho de inspeção.
"A produção do relatório com base no qual o Ministério da Ciência e Tecnologia exarou o despacho para se encerrar a unidade orgânica da Universidade Mussa Bin Bique tem a ver com as condições exigidas para o seu funcionamento como uma instituição de ensino superior", refere Tamele em entrevista à DW África.
O encerramento da universidade afeta 300 estudantes, que estavam no terceiro e no quarto ano. Em 2018, não foi admitido nenhum aluno por ordem do Ministério da tutela.
"Motivos fúteis"
A instituição está agora a tentar que, pelo menos, o Ministério autorize os estudantes a defenderem as suas monografias. Até agora, não obteve resposta.
"Não sabemos, estamos ainda à espera", comenta Momed Amisse, porta-voz da Universidade Mussa Bin Bique. "Alguns alunos que estavam no quarto ano em 2018 aparecem sempre a perguntar qual o passo a seguir. Dizemos simplesmente para esperar uma resposta, porque escrevemos ao Ministério e estamos à espera."
Fernando Nhaca estava no quarto ano do curso de Direito e lamenta a decisão do Governo de fechar a universidade. Nhaca diz que os motivos invocados para o encerramento não fazem sentido, sobretudo olhando para o historial da instituição, que já formou milhares de estudantes.
"Todo o país tem estes estudantes: houve juízes que saíram da Mussa Bin Bique, economistas, formados em gestão agrária e, de um momento para o outro, alegam motivos fúteis para poder encerrar" a universidade, diz o estudante.
Este não é um caso único. No ano passado, quatro instituições técnico-profissionais e superiores também encerraram as portas em Inhambane.
Para Rodrigues Tamele, diretor provincial da Ciência e Tecnologia, o principal problema é que as instituições não cumprem com os requisitos de um "sistema baseado em padrões de competência", necessários para a emissão de certificados para poderem ensinar.