Moçambique: Falta de água leva populares a vandalismo
2 de março de 2017O desespero tomou conta de Madalena Matusse, residente no bairro da Malanga, a oeste da capital Maputo. A água, que devia chegar às torneiras da sua casa em dias alternados, não corre há mais de duas semanas.
Madalena prefere ir à vala de drenagem lavar roupa. O Governo moçambicano não está a conseguir cumprir a promessa de abastecer água em dias alternados: "Eu não fico em casa, trabalho, mas estou aqui. Não fui trabalhar por causa disto [procurar água]."
No bairro Trevo, na cidade da Matola, Marta Matlombe mobilizou residentes para desviar uma conduta de água que abastece outros bairros: "A água não jorra nos nossos quintais nem tão pouco. Então hoje decidimos invadir o tubo geral porque já não temos outra opção. Estamos a viver de água de poço e vendem por cinco meticais um bidon."
No bairro periférico de Mavalane, norte da capital, os moradores não têm água há mais de três semanas, mas continuam a receber faturas sem alteração no preço.
Estevão Chiota tem uma conta de quatro euros para pagar. "Como é que a água está a contar até a estes níveis se não estamos a usar?", pergunta o morador. "As torneiras estão secas há mais de três semanas, mas eles trouxeram faturas que estão acima de 500 meticais."
Falta água, mas não faltam faturas
A água também não jorra em casa de Verónica Zacarias. Ela queixa-se do facto de a empresa Águas da Região de Maputo continuar a mandar faturas: "Aqui já estamos dois meses sem água, mas recebemos faturas regularmente. Em Mavalane não sai água. Temos que ir para outros bairros vizinhos. Para Hulene, por exemplo."
A empresa Águas da Região de Maputo nega que haja bairros que têm água 24 horas por dia. O porta-voz Afonso Mahumane refere que estão todos em regime de restrição.
"A decorrer um ou outro caso devem ser casos isolados. A haver esses casos temos de intervir no sentido de restringir. A acontecer pode ser que seja uma área isolada que pode estar a receber direitos diferentes de tal forma que quando é um dia sim recebem e quando dia não tmabém recebe", afirma Afonso Mahumane.
Em relação às faturas, esclarece: "Nós enviamos as equipas para a verificação. Consoante a situação no local faz-se algum reajuste."
As restrições de água em Maputo, Matola e Boane devem-se à escassez de água no rio Umbeluzi, que baixou drasticamente o seu caudal devido à seca que afetou o país no último ano.