Moçambique: Reclusos fogem da cadeia de máxima segurança
25 de dezembro de 2024A informação foi confirmada à Agência Lusa pelo secretário permanente do Ministério da Justiça.
"Confirmamos a evasão, mas equipas nossas ainda estão no terreno para aferir com exatidão o número específico e outros detalhes", declarou Justino Tonela.
O Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança de Maputo, a pouco mais de 14 quilómetros do centro da capital moçambicana, alberga mais de três mil reclusos nesta ala de segurança máxima, prisioneiros condenados e suspeitos de crimes graves, principalmente homicídios, segundo dados do Ministério da Justiça.
O país vive o terceiro dia consecutivo de caos nas ruas, na sequência do anúncio dos resultados finais das eleições gerais, com saques, vandalizações e barricadas, nomeadamente em Maputo.
Buscas nos bairros
Imagens que circulam nas redes sociais desde o início da tarde mostram os confrontos entre os reclusos e seguranças da penitenciária, que realizaram diversos disparos para tentar conter a rebelião.
Outros vídeos feitos por populares mostram várias dezenas de reclusos em fuga nos bairros nos arredores da prisão e militares a fazerem buscas em casas, na tentativa de os recapturar.
O Conselho Constitucionalde Moçambique proclamou na tarde de segunda-feira Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo no cargo a Filipe Nyusi, bem como a vitória da Frelimo, que manteve a maioria parlamentar, nas eleições gerais de 09 de outubro.
Violência pós-eleitoral
Este anúncio provocou o caos em todo o país, com manifestantes pró-Venâncio Mondlane - que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos - nas ruas, barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
A polícia moçambicana registou 236 "atos de violência grave" em 24 horas, na contestação aos resultados eleitorais, incluindo ataques a esquadras e cadeias, que provocaram 21 mortos, anunciou na terça-feira à noite o ministro do Interior, garantindo o reforço imediato da segurança.
"Ninguém pode chamar, nem considerar, estes atos criminosos de manifestações pacíficas", afirmou esta noite o ministro Pascoal Ronda, em conferência de imprensa em Maputo, num momento de caos generalizado no país, com barricadas, saques, vandalizações e ataques diversos, um dia depois do anúncio dos resultados finais das eleições gerais de 09 de outubro.
O governante revelou que entre essas 236 ocorrências nas últimas 24 horas "em todo o território", incluem-se 25 viaturas incendiadas, duas das quais da Polícia da República de Moçambique (PRM), 11 subunidades policiais e um estabelecimento penitenciário "atacados e vandalizados, de onde foram retirados 86 reclusos", quatro portagens incendiadas, três unidades sanitárias vandalizadas, um armazém central de medicamentos incendiado e vandalizado e dez sedes do partido Frelimo incendiadas.