Nagorno-Karabakh deixará de existir em 1 de janeiro de 2024
28 de setembro de 2023"Todos os órgãos do Estado e as organizações deles dependentes devem ser dissolvidos até 1 de janeiro de 2024 e a República do Nagorno-Karabakh deixará de existir", refere o decreto, assinado pelo presidente separatista da região, Samvel Shakhramanyan.
O documento afirma que os habitantes de Nagorno-Karabakh, incluindo os que se encontram fora do seu território, devem tomar nota das condições apresentadas pelo Azerbaijão para a reintegração e depois "decidir individualmente" se querem permanecer em Nagorno-Karabakh ou regressar.
O decreto cita um acordo alcançado na semana passada para pôr fim aos combates, segundo o qual o Azerbaijão permitirá a "circulação livre, voluntária e sem entraves" dos residentes da região e, em troca, desarmará as tropas de etnia arménia no enclave.
O anúncio ocorre depois de o Azerbaijão ter levado a cabo uma ofensiva militar relâmpago para recuperar o controlo total da região separatista, que obrigou os combatentes de etnia arménia da região a depor as armas.
A dissolução da autoproclamada república do Nagorno-Karabakh, que não é reconhecida, nem pela Arménia, foi uma das condições impostas pelo Azerbaijão para pôr termo à operação militar lançada no dia 19 contra o enclave, que terminou no dia seguinte com a capitulação dos Karabakhis.
Um conflito antigo
A Arménia e o Azerbaijão, duas ex-repúblicas soviéticas, entraram em guerra por causa da região entre 1988 e 1994, quando os arménios tentaram separar-se do Azerbaijão.
Os combatentes arménios venceram a primeira guerra, que terminou em 1994. Mas durante uma guerra de seis semanas em 2020, o Azerbaijão pôs fim a esse controlo e Baku retomou a maior parte da região.
Nagorno-Karabakh foi governado por autoridades separatistas arménias durante cerca de 30 anos.
Êxodo rumo à Arménia
Quase metade da população da região, estimada em 120.000 pessoas, abandonou as suas casas e fugiu para a Arménia nos últimos dias, desde a ofensiva do Azerbaijão.
Atualmente há 53.629 refugiados na Arménia, de acordo com os últimos dados divulgados pelo executivo de Erevan.
Segundo o governo, a maioria dos deslocados tem casa na Arménia ou familiares que os acolheram. Os restantes estão alojados em abrigos, hotéis, centros de acolhimento e outros edifícios na cidade de Goris, que fica perto da fronteira com o Azerbaijão.
Hoje, a Arménia acusou hoje o Azerbaijão de efetuar "detenções ilegais" entre grupos de civis que atravessam a fronteira a partir da autoproclamada República. "O Azerbaijão está a prender ilegalmente pessoas no posto de controlo, o que nos preocupa muito", afirmou o primeiro-ministro arménio, Nykol Pachynian, numa reunião do Executivo após o anúncio da detenção do antigo líder separatista Rouben Vardanian.
Um tribunal do Azerbaijão mandou deter Vardanian, antigo líder separatista do Nagorno-Karabakh, depois de o ter acusado de financiar atos de terrorismo, entre outros crimes.