Nampula: Partidos trocam acusações no início da campanha
9 de janeiro de 2018De hoje, terça-feira (09.01) até o próximo dia 21 do corrente mês, cinco partidos políticos vão estar no terreno em Nampula, Moçambique, para conquistarem os 296.590 eleitores e eleger um novo Presidente que irá ocupar o cargo deixado por Mahamudo Amurane, assassinado no dia 04 de outubro do ano passado.
As acusações entre os partidos já se começaram a fazer sentir, apesar do apelo ao "civismo” e "boa conduta” feito ontem pelo órgão da administração eleitoral, CNE.
Alguns dos partidos estão descontentes com a situação que se vive atualmente na região
A Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) queixa-se das provocações perpetradas pela FRELIMO e o MDM.
Segundo Ossufo Ulane, porta-voz do candidato da RENAMO, Paulo Vahanle, o arranque da campanha eleitoral foi "péssimo” e lamenta o comportamento dos dos colegas.
"A FRELIMO arrancou com escaramuças, sobreposição dos nossos panfletos. O MDM, como está ainda a governar a cidade, proibiu a utilização do recinto central de Nampula para realização da abertura da campanha da RENAMO. Também, existem pessoas importadas [alegadamente pela FRELIMO] dos distritos para constarem nos cadernos eleitorais da cidade. Tudo isso significa que já está tudo programado'', lamentou o porta-voz da RENAMO.
AMUSI arranca com "força"
O Partido Ação do Movimento Unido para Salvação Integral (AMUSI) de acordo com o seu líder e candidato Mário Albino Muquissice, "arranca com uma campanha muito forte como se pode ver aqui a multidão”.
O candidato diz esperar que seja uma campanha ordeira e que possa trazer festa. Mas, lembra: "Só que há um contencioso que ficou por resolver por parte da Comissão Nacional de Eleições sobre a regularização dos cartões [dos alegados importados e colocados nos cadernos eleitorais da cidade".
Sobre a existência de novos cadernos eleitorais, de acordo com Luciano Tarieque, o seu partido sabe e pode provar a substituição de 217 cadernos eleitorais da cidade de Nampula por cadernos de outros distritos.
‘‘Queremos exortar aos órgãos competentes que regularizem isso, caso deixem que esperemos no dia 10 de outubro para as eleições normais'', afirma.
FRELIMO nega as acusações
Entretanto, o FRELIMO, através do seu porta-voz Caifadine Manasse, negou essas acusações e diz que tudo está e deve permanecer sob controlo dos órgãos da administração eleitoral.
‘‘Nós achamos que qualquer problema que possa acontecer com os cadernos eleitorais e outros, devem ser comunicados ao STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) e a Comissão de Nacional de Eleições que devem tomar as medidas adequadas. Todos os partidos políticos com alguma preocupação sobre o processo eleitoral, devem agir como nós da FRELIMO: iremos diretamente ao STAE e o orgão irá explicar o que é que esta a acontecer. Este processo não deve manchar a FRELIMO, porque o partido não é o STAE e muito menos a máquina da administração eleitoral. A FRELIMO é um partido político que vai concorrer em pé de igualdade com outros partidos políticos'', assegura Caifadine Manasse.
Uma só candidata feminina
Filomena Mutoropa, a única mulher que concorre a presidência da terceira maior cidade de Moçambique pelo partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO), desclocou-se ao mercado do Comauto, no populoso bairro de Namicopo, para pedir votos aos vendedores.
"Nós estamos aqui a pedir a população para votar em mim e não falhem desta vez.... vamos dar continuidade à remoção do lixo, construção e reabilitação das valas de drenagens, reabilitação e construção de vias de acesso'', disse.
Fora as acusações, todos os partidos políticos concorrentes iniciaram a campanha eleitoral num ambiente de festa. Desfiles pelas artérias da cidade, comícios populares e campanha porta-a-porta fazem parte das iniciativas de quase todos os concorrentes.
Amanhã será o segundo dia da campanha eleitoral e a caça ao voto continua, também, sob forte proteção policial. Alias, a polícia moçambicana já garantiu que não vai permitir que a ordem e a tranquilidade pública sejam colocadas em causa durante o processo eleitoral.
Mais sobre as eleições
As eleições intercalares de Nampula irão decorrer, segundo a Agência Lusa, em 401 mesas colocadas em 54 postos de votação.
Confira aqui, todos os nomes dos candidatos ao cargo do próximo Presidente de Nampula:
Amisse Cololo, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), partido no poder; Paulo Vahanle, Resistência Nacional Moçambicana, (RENAMO), principal partido da oposição; Carlos Saíde Chaúre, do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceiro maior partido; Filomena Mutoropa, do Partido Humanitário de Moçambique (PAHUMO) e por último, Mário Albino, da Acção Movimento Unido Salvação Integral, constituído por um grupo de cidadãos da cidade de Nampula.