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Liberdade de imprensaAngola

Angola: Nova liderança da Rádio Despertar enfrenta desafios

José Adalberto
29 de maio de 2021

Em clima de contestação interna por parte de alguns colegas, jornalista Horácio dos Reis tomou posse como diretor-geral da Rádio Despertar. Há apelos por soluções para questões internas e inovação na forma de comunicar.

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Angola - Eingang des Radio Despertar Hauptquartiers in Luanda
Sede da Rádio Despertar, em LuandaFoto: Boralho Ndomba/DW

Horácio dos Reis foi o nome escolhido para dirigir a Rádio Despertar - estação radiofónica privada ligada à União Nacional Para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição angolana. Tomou posse a 21 de maio como diretor-geral da emissora.

A indicação de Horácio dos Reis não foi acolhida com agrado por parte de alguns colaboradores da estação que, publicamente e nas redes sociais, se manifestaram contra a figura escolhida para conduzir o destino da rádio.

Apesar da reprovação por alguns colegas da emissora, o jornalista Israel Samalata, colaborador da Rádio Despertar desde a sua fundação, espera do novo diretor-geral soluções práticas dos problemas dos funcionários, particularmente para os salários, e uma abertura permanente ao diálogo.

Israel Samalata Journalist und Korrespondent der Radio Despertar
Israel SamalataFoto: DW/J. Adalberto

"Os desafios que se impõem para a nova direção são aqueles que começam desde o melhoramento dos ordenados dos seus profissionais, depois terá que ter um trabalho de permanentemente dialogar ou mesmo encontrar sempre um meio termo para resolver problemas internos", avalia.

Evitar as "linhas vermelhas"

Nos últimos anos, a Rádio Despertar tem sido acusada de assumir uma postura oposta à dos órgãos públicos de comunicação social, ou seja, de silenciar vozes críticas à UNITA e de não privilegiar o contraditório nas suas abordagens. Uma postura que o analista político Jorge Marcos Benedito aconselha a nova direção a evitar.

"Há aqui, algumas linhas vermelhas que devem ser evitadas. Eu penso que a nova direção da Rádio Despertar deve evitar, ao máximo, a tendência de ser o extremo oposto, do ponto vista de comportamento, de determinados órgãos de comunicação social públicos ou estatal. Eu penso que, a nível da comunicação social, dentro das regras éticas e deontológicas, há um universo enorme, do ponto de vista da criatividade, da inovação no modo e na forma de comunicar."

Refletir os anseios da sociedade

Sem responder às vozes críticas, o novo diretor-geral da Rádio Despertar mostra-se consciente da nova responsabilidade e das expectativas dos colegas e da sociedade civil.

Horácio dos Reis assume o desafio de tornar a Rádio Despertar num "ponto de reflexo" da vontade dos trabalhadores e da pluralidade de pensamentos, mas adverte que tal só será possível com a contribuição de todos.

"Mais do que palavras, estamos aqui para assumir uma corrente de força e trabalho em fazermos da rádio, um ponto de reflexo da vontade dos trabalhadores, dos ouvintes e de uma forma geral da sociedade, e claro, termos sempre esta marca que se consolidou ao longo dos catorze anos, que é a marca Despertar que se aceita em dar voz a todos", revelou.

Horácio dos Reis substitui no cargo Emanuel Malaquias, que dirigiu a estação nos últimos oitos anos, falecido em março deste ano, por doença.

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