Níger inicia contagem de votos após eleições tensas
22 de fevereiro de 2016Sete milhões e meio de eleitores foram convocados a votar em todo o Níger, onde a segurança é uma preocupação crescente após ataques de jihadistas dos vizinhos Nigéria, Mali e Líbia. As fronteiras foram fechadas e a segurança reforçada com patrulhas em todo o país.
Homens armados não identificados atacaram dois veículos da comissão eleitoral numa área rural a cerca de 100 quilómetros da capital, Niamey, segundo fontes de segurança. Além deste ataque, houve poucos relatos de violência.
O presidente da Comissão eleitoral, Ibrahim Boube, disse que a votação ocorreu em atmosfera de calma e serenidade. Em algumas áreas a votação foi adiada para esta segunda-feira (22.02) porque o material eleitoral não chegou a tempo.
Acusações de fraude
Na noite de domingo (21.01), a oposição considerou a eleição como "manifestamente abusiva" e denunciou fraude eleitoral, com cartões de eleitores duplicados.
Seyni Oumarou, líder da oposição, queixou-se da má organização do pleito. "As primeiras impressões que temos, seja na capital ou no interior, preocupam-nos", declarou. "É inquietante que alguns eleitores comecem a votar às oito da manhã, como prevê a lei, e outros só possam votar a partir do meio-dia", criticou o antigo primeiro-ministro.
Pela manhã, o ministro do Interior, Hassoumi Massaoudou, disse que a votação estava a correr bem, especialmente em Diffa, região de fronteira no sudeste do país e que tem sido frequentemente ameaçada pelo grupo terrorista Boko Haram.
"Aqui, as eleições correram bem e muitas pessoas foram votar", confirma o ativista da sociedade civil Elhadji Biri Kassoum, que é presidente de uma organização juvenil em Diffa. "Não houve a mínima inquietação. Foi possível votar tranquilamente e voltar para casa".
Issoufou confiante
Após a votação, em Niamey, o Presidente Mahamadou Issoufou declarou esperar que a eleição reforce as estruturas democráticas do país.
"O Níger precisa de instituições democráticas fortes e estáveis e espero que as eleições fortaleçam essas instituições", afirmou. "Haverá apenas um vencedor e o vencedor será o Níger".
Um dos principais rivais do atual Presidente é o candidato da oposição Hama Amadou, que fez campanha a partir da prisão, onde se encontra desde meados de novembro, quando regressou do exílio. Em 2014, Amadou foi acusado de alegado tráfico de pessoas e fugiu do país. Entre os concorrentes de Issoufou está também Mahamane Ousmane, o primeiro Presidente democraticamente eleito no Níger.
Se Mahamadou Issoufou não conseguir uma vitória na primeira volta das presidenciais, os seus rivais já concordaram unir-se para apoiar o concorrente dele na segunda volta. Os resultados oficiais são esperados dentro de cinco dias.