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O futuro do Gana depois da morte de Atta Mills

25 de julho de 2012

A morte repentina do Presidente do Gana, John Atta Mills, apanhou de surpresa o país e a comunidade internacional. O Gana é um país relativamente estável. A morte de Mills poderá alterar esta situação?

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John Dramani Mahama foi empossado como Presidente do Gana depois da morte de Mills
John Dramani Mahama foi empossado como Presidente do Gana depois da morte de MillsFoto: Reuters

Poucas horas após o anúncio da morte de John Atta Mills, esta terça-feira (24.07), o Parlamento do Gana reuniu-se para ajuramentar o novo Presidente, John Dramani Mahama, o vice do chefe de Estado falecido.

"Perdi um pai, um amigo, um mentor e um camarada importante. O Presidente Mills dedicou toda a sua vida à nossa amada nação. A maior homenagem que lhe podemos render agora é conservar a unidade e a estabilidade do nosso país", disse Mahama, que deverá governar até às próximas eleições.

Mills morreu aos 68 anos
Mills morreu aos 68 anosFoto: Reuters

País exemplar

O Gana é considerado um país exemplar na África Ocidental. A economia é bastante diversificada e a taxa de crescimento atingiu os dois dígitos em 2011. Politicamente, o país é considerado estável, devido à sua democracia profundamente enraizada.

Daniela Kuzu defende que a morte repentina do Presidente em nada vai alterar esta situação. Kuzu dirige a delegação na capital do Gana da Fundação alemã Friedrich Ebert, próxima do partido social-democrata, SPD, e confia nas capacidades do novo Presidente como líder:

"Os dois formavam uma boa equipa e coordenavam o seu trabalho", lembra Kuzu. "Nas suas numerosas viagens, Mills entregava o governo a Mahama. Muitos até dizem que era ele o Presidente em exercício. Mahama foi muito ativo nesta área e por isso era muito respeitado e apreciado como vice-Presidente"

País exemplar: o presidente norte-americano Barack Obama visitou o Gana em 2009
País exemplar: o presidente norte-americano Barack Obama visitou o Gana em 2009Foto: AP

Kuzu é da opinião de que Mahama será também o candidato do partido governamental Congresso Nacional Democrático (NDC) nas eleições presidenciais marcadas para dezembro. Como se trata de um cristão do norte, este seria também um sinal importante num país onde os políticos do sul tradicionalmente dominam o aparelho do governo.

Conflitos partidários

No entanto, não se sabe se Mahama consegue resolver os atritos dentro do seu partido. Há muito que reina um conflito aberto no NDC entre Mills e a família do antigo Presidente e fundador da formação política, Jerry Rawlings.

Em tempos, Rawlings ajudou Mills a ascender aos cargos políticos mais importantes. Segundo os observadores, mais tarde Rawlings sentiu-se desiludido com Mills, que nem sempre seguia os seus conselhos. Os dois políticos passaram a criticar-se mutuamente nos meios de comunicação social. Além disso, a mulher de Rawlings, Nana Konadu Agyeman-Rawlings, perdeu a nomeação para candidata à presidência pelo seu partido quando desafiou Mills.

Antes mentor, depois adversário - Jerry Rawlings (e) com John Atta Mills
Antes mentor, depois adversário - Jerry Rawlings (e) com John Atta MillsFoto: Getty Images

Martin Wilde, ex-diretor em Acra da Fundação alemã Konrad Adenauer, próxima do partido governamental CDU, diz que um dos grandes méritos de Mills foi o seu papel de mediador entre os partidos:

"Mills contribuiu decisivamente para o desanuviamento do clima interno. Mas o preço a pagar foram tensões dentro do seu próprio partido. O que muita gente critica é que o seu precário estado de saúde poderá ter-lhe retirado as forças necessárias para se impor e combater a corrupção de forma mais enérgica no setor público e na administração", diz.  

O petróleo

Outros desafios, igualmente importantes, aguardam Mahama e os futuros Presidentes do país.

Há um ano começou no Gana a extração de petróleo. No próximo ano, caberá ao governo decidir para onde vão as receitas do crude: para aumentar o bem-estar de toda a população ou para os bolsos dos políticos.

Autores: Adrian Kriesch / Cristina Krippahl
Edição: Guilherme Correia da Silva / António Rocha