Octávio Pudivitr: O "pequeno Mike Tyson" moçambicano
2 de abril de 2021Chamam-lhe o "pequeno Mike Tyson": Octávio Pudivitr é um pugilista que está na ribalta. Mas a sua história de vida, marcada por momentos baixos e altos, desperta interesse redobrado. A viver há 23 anos em Portugal, o lutador, natural de Moçambique, passou por vários momentos de superação.
"Felizmente, sempre tive uma família que foi muito unida e se apoiou. Sou muito grato aos meus irmãos, aos meus pais, porque isso é que faz uma família", afirma, em entrevista à DW África.
Nascido nos subúrbios de Maputo, Octávio passou parte da sua infância com a sua falecida avó, no bairro do Chamanculo. O seu interesse pelo boxe começou desde pequeno porque, conta, gostava dos desportos de combate para proteger os seus familiares.
Vindo de uma família que vivia em dificuldades, acabou por ser enviado para Portugal para estudar. Deixou Moçambique quando tinha dez anos, em busca de novos desafios. "Foi quando conheci o boxe e decidi aprofundar a arte e envolver-me. Felizmente, teve a repercussão que está a ter, tive a evolução que tenho tido devido a muita dedicação e muito foco".
Foi assim que alcançou o topo. A modalidade, que incutiu nele a mentalidade competitiva e vencedora, colocou o pugilista nos grandes palcos mundiais, entre os quais no Brasil e na Alemanha. Tanto mais que é apelidado de "pequeno Tyson" na Europa e nos Estados Unidos.
Fome de títulos
"Competi muito internacionalmente, competi muito a nível nacional cá em Portugal, mas, neste momento, estou dedicado a 100% ao boxe", garante. Entre as competições mais importantes que venceu, destaca o campeonato Golden Gloves, "reconhecido mundialmente com campeões como Mike Tyson, entre outros".
Hoje, diz, é um atleta realizado. Mas continua a ser "uma pessoa com muita fome de títulos, que tenta sempre mais e mais. Que tenta sempre almejar o mais alto dos patamares".
É com esta ambição que encara várias competições em vista. "Tinha agora uma luta na Alemanha que foi cancelada, infelizmente. Em princípio, vou ter uma outra em Espanha no dia 17 de abril. Tenho outras lutas marcadas, por alto, para os EUA, Itália e Alemanha. Estamos agora à espera, com esta pandemia, se é possível concretizar todos esses objetivos que estão traçados".
Para onde vai, faz questão de levar sempre consigo a bandeira de Moçambique, independentemente de ter crescido fora do seu país natal.
"Sou muito patriota. Para mim é um orgulho poder representar o meu país", frisa.
"Por essa mesma razão, em abril, tenho imensa vontade de ir para Moçambique para me apresentar, para me dar a conhecer, para arranjar formas de poder galvanizar [a modalidade] e levar o nome do meu país além fronteiras, com os apoios de todo o [povo] moçambicano".
Cobiçado por inúmeros empresários, Octávio é atualmente apadrinhado pelo lutador Dillian White, que terá conhecido o pequeno Tyson moçambicano num campo de treino em Vilamoura, no Algarve (Portugal).
Aproveitando esta fase boa da sua carreira, Octávio aposta na abertura de um ginásio inovador no Porto, norte de Portugal, que será um dos maiores espaços especializados para lutadores e atletas de alta competição. "É um projeto muito aliciante e muito exigente, que, sim, com toda a certeza, vou querer transportar para Moçambique para poder também influenciar o desenvolvimento do desporto no país".