1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaSenegal

Otimismo após mudança democrática de poder no Senegal

Martina Schwikowski
25 de novembro de 2024

As eleições legislativas no Senegal garantiram a Bassirou Diomaye Faye uma grande margem de manobra. Muitos senegaleses esperam agora que o Presidente ponha em prática o seu programa de reformas "Plano Senegal 2050".

https://p.dw.com/p/4nO2b
Bassirou Diomaye Faye, Presidente do Senegal
Bassirou Diomaye Faye, Presidente do SenegalFoto: Zohra Bensemra/REUTERS

O Senegal realizou a 17 de novembro eleições legislativas antecipadas, para escolher os 165 deputados da Assembleia Nacional. O Presidente do país, Bassirou Diomaye Faye, tinha dissolvido o Parlamento em setembro.

Nestas eleições, o partido Patriotas Africanos do Senegal pelo Trabalho, Ética e Fraternidade (PASTEF), de Bassirou Diomaye Faye e do primeiro-ministro Ousmane Sonko, obteve a maioria absoluta ao conquistar 130 assentos. Na legislatura passada tinha 56 mandatos.

Agora, os senegaleses esperam que Bassirou Faye implemente sua agenda de reformas, conhecida por "Plano Senegal 2050".

Projeto de reforma em linhas gerais

"Esperamos que o Presidente tenha agora todos os meios para conduzir as transformações prometidas pelo PASTEF", disse à DW Pape Kane, diretor da Open Society Initiative for West Africa (OSIWA) em Dakar.

Mas esta não será uma tarefa fácil. O governo só fala do seu projeto quando questionado sobre os seus planos, explica Kane.

Moçambique deveria seguir exemplo democrático do Senegal?

O "Plano Senegal 2050" foi publicado pouco menos de um mês antes da eleição. O documento apresenta uma agenda política até 2050 e estabelece metas económicas ambiciosas. 

Propõe ainda a redução da dívida pública, o combate à corrupção no país e a renegociação dos contratos internacionais para a produção de petróleo e gás.

Um novo começo só deverá ser possível se houver apoio financeiro do estrangeiro.

O governo do anterior Presidente, Macky Sall, caiu em descrédito devido ao seu estilo cada vez mais repressivo e à sua política económica. O aumento da pobreza, do custo de vida e dos preços da eletricidade, bem como a elevada taxa de desemprego, conduziram muitas vezes a protestos da população. 

"Maratona" para elaborar orçamento

Ibrahima Aidara, diretor do Departamento de Política Social da Universidade de Saint-Louis, no Senegal, entende que começa agora uma "maratona" para elaboração e adotação do orçamento para 2025, que deve estar estritamente alinhado com as prioridades e as promessas feitas ao povo senegalês.

"Em especial as questões de reforma institucional, emprego para jovens, combate à corrupção, prestação de contas, educação e saúde e o desenvolvimento económico", destaca.

"As outras prioridades são a estabilidade política e o diálogo. O Governo deve se engajar em um diálogo construtivo com os outros partidos políticos para promover um clima de confiança e paz", acrescenta Ibrahima Aidara. Isto deve ser feito pedagogicamente, não só através do incentivo à participação, mas também através da comunicação, para que ninguém se esqueça dos passos individuais.

Embora os planos de reforma sejam uma visão para a próxima geração, existe certamente uma estrutura para os próximos cinco anos, que cobrem o mandato do Presidente Faye, considera Aidara.

Pape Kane, da da Open Society, também acredita que há uma vontade política séria de reformar o país e não dececionar as expectativas dos senegaleses. Mas a sua realização ainda levará anos.

O Senegal é um país democrático, um dos poucos países africanos que nunca sofreu um golpe militar, sublinha Kane. O país tem realizado eleições regulares, cujos resultados têm sido frequentemente contestados. Mas agora foram aceites e até os derrotados felicitaram o vencedor e abriram caminho para a vitória eleitoral. "Isto é uma indicação clara de que o sistema político no Senegal está bem organizado", conclui.

Viragem de página na democracia senegalesa