Política encontrada morta em Moçambique
10 de fevereiro de 2024O corpo de Celeste Mucunha, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, partido no poder), foi encontrado na sexta-feira (10.02) por volta das 05h00 em Nicoadala, a cerca de 15 quilómetros do centro da capital provincial da Zambézia (Quelimane), disse à Lusa Miguel Caetano, chefe de Relações Públicas do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique na província.
"Parte do corpo dela foi encontrado carbonizado, mas, a outra parte do corpo, ainda visível, apresentava sinais de agressão, o que nos leva a concluir que, antes de ser queimada, ela foi agredida primeiro", explicou Miguel Caetano, acrescentando que as autoridades se desdobram em esforços para esclarecer o caso.
Celeste Mucunha foi vista pela última vez na quarta-feira (07.02), no dia em que tomou posse entre os novos membros da assembleia municipal de Quelimane.
Num universo de 65, a autarquia de Quelimane está entre as cinco em que a FRELIMO não venceu nas últimas eleições, tendo sido reeleito para o cargo de autarca Manuel de Araújo, da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), principal força de oposição.
Como Maputo, a capital moçambicana, Quelimane foi uma das autarquias que registou um forte movimento de contestação dos resultados das eleições de 11 outubro após o anúncio dos primeiros números pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que davam vitória à Frelimo.
A RENAMO acusou os órgãos eleitorais de terem atuado como "uma associação para delinquir" a favor da FRELIMO, cometendo alegados atos fraudulentos, durante o processo das eleições autárquicas.
A reverificação do Conselho Constitucional, órgão máximo de justiça eleitoral, proclamaria semanas depois a Renamo como vencedora da autarquia, após mais de 40 dias de protestos de simpatizantes do partido contra os resultados anunciados pela CNE.
A FRELIMO venceu em 60 das 65 autarquias do país, tendo a RENAMO ganhado em quatro, metade das oito que venceu em 2018, e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) manteve a cidade da Beira, que governa desde 2003.
Os resultados do escrutínio de outubro foram fortemente contestados pela oposição e pela sociedade civil.