Presidenciais no Benim
17 de março de 2016
Lionel Zinsou, que passou praticamente a vida inteira em França, é o candidato preferido do presidente cessante Boni Yayi. O mesmo não se pode dizer de Patrice Talon, que é visto como inimigo de Yayi. Talon é considerado também o cidadão mais rico do Benim, segundo o ranking da revista Forbes.
Talon: foi amigo do presidente, mas mudou de opinião
Patrice Talon, o magnata do algodão é, de facto, um homem influente e bem conhecido no Benim, país oueste-africano com 10 milhões de habitantes. Talon não é só um empresário de sucessso, como também o homem que no passado ousou lançar severas críticas contra o presidente cessante Boni Yayi. Segundo reza a constituição do Benim, Yayi não se pode candidatar a um terceiro mandato. Yayi não esqueceu as críticas de Talon e por isso apoia o atual primeiro-ministro Lionel Zinsou.
Zinsou: resultado magro na primeira volta
Inicialmente as previsões pareciam apontar para uma vitória de Lionel Zinsou, o candidato do regime, mas as coisas não são assim tão certas. Na primeira volta Zinsou obteve apenas 28,4 por cento dos votos. Um resultado magro, segundo refere Klaus-Peter Treydte, o diretor da fundação Friedrich Ebert, ligada ao partido social-democrata alemão, em Cotonou, a capital do Benim:
"Os eleitores do Benim não seguiram os conselhos da casta política dominante no país", refere Treydte em entrevista à DW e lembra: "O candidato do regime conseguiu apenas 28 por cento dos votos, enquanto que nas últimas eleições de 2011 Yayi tinha conquistado 53 por cento. Mais de metade dos eleitores mudaram, portanto, de opção."
Fortuna de 400 milhões de dólares poderá ajudar Talon
Patrice Talon, o candidato alternativo, tem portanto uma chance real de vencer estas eleições de domingo. Segundo os observadores, trata-se dum homem com aura de vencedor, cuja fortuna é avaliada em cerca de 400 milhões de dólares norte-americanos. As suas críticas ao presidente cessante são relativmente recentes, pois ainda em 2006 e 2011 Patrice Talon tinha apoiado financeiramente a campanha do presidente Yayi, segundo recorda Roger Gbégnonvi, um ex-ministro e atual ativista da sociedade civil: "No passado o presidente cessante tentou mesmo convencer Talon a oferecer a cada um dos ao todo 83 deputados a modesta quantia de 76 mil euros. Isso para que eles - em troca - votassem a favor de uma alteração da constituição que permitisse a Yayi candidatar-se a um terceiro termo."
Talon rejeitou apoiar o projeto e transformou-se, nos últimos anos, num dos mais ferrenhos críticos do presidente. Muitas histórias se publicaram nos últimos anos sobre a rivalidade entre Yayi e Talon. Uma delas reza que Talon tentara envenenar o presidente.
Muitos beninenses querem mudança
Segundo Klaus-Peter Treydte, da fundação Ebert, o trunfo do candidato Talon, de 57 anos de idade e que regressou no ano passado duma estadia prolongada, mais ou menos forçada, de França, é a sua distância do antigo regime.
"Mesmo as élites querem uma 'rupture', como eles dizem, uma mudança, uma nova era", sublinha o observador alemão, para concluir: "Parece que o candidato Zinsou não é o mais indicado para conseguir conquistar a maioria. Eu diria que a corrida ainda não está decidida."