Reta final de campanha na segunda volta das presidenciais em Cabo Verde
15 de agosto de 2011
Jorge Carlos Fonseca tem visitado zonas onde a pobreza salta à vista. Em recente visita à Ilha do Sal, Fonseca constatou a descrença do povo nos políticos. "As pessoas de Chã de Matias não querem ver os políticos só no período de campanha eleitoral", diz uma senhora idosa.
O desemprego e a habitação precária são dois dos problemas com os quais os moradores de Alto São João, Alto Santa Cruz e Chã de Matias se defrontam. São problemas cuja resolução não depende exclusivamente do presidente - mas, se for eleito, Fonseca promete estreitar o diálogo entre o governo central e o poder local para a busca de soluções.
"Temos que cooperar com o governo, mas se as políticas do governo não são satisfatórias, um presidente tem legitimidade para falar com os governos, indicar rumos e até trabalhar com as câmaras municipais. O governo de Cabo Verde tem que trabalhar mais com as câmaras municipais", diz Fonseca.
É precisamente esse poder capaz de trazer melhorias aos problemas dos cidadãos que o presidente da Câmara Municipal do Sal, Jorge Figueiredo, espera do próximo Presidente da República: "Enquanto presidente de Câmara durante sete anos e tendo uma relação extremamente difícil com o poder central, procurei muitas vezes a personalidade do presidente para nos ajudar", relata.
"Penso que, com o Jorge Carlos Fonseca, com a forma e a visão que ele tem da sociedade cabo-verdiana, poderá perfeitamente fazê-lo de uma forma eficiente e eficaz, não criando evidentemente conflitos, mas procurando apoiar o governo na solução desses problemas", opina Figueiredo.
Pacto de ética
Na campanha para as eleições de 21/8, Fonseca propôs a seu adversário um pacto de ética. Na prática, o candidato, cujo slogan de campanha é "Um presidente junto das pessoas", quer que a segunda volta seja transparente e sem compra de votos.
"As coisas têm que ser claras, e tem-se que respeitar não só as regras jurídicas do código eleitoral, mas também regras éticas. Portanto, eu quero que aceitemos um pacto sobre o qual o jogo é limpo: as pessoas votam livre e conscientemente, e o presidente que for eleito que se sinta tranquilo, porque foi eleito pelo voto livre expresso nas urnas pela maioria dos cabo-verdianos", diz Fonseca.
Ele diz que Cabo Verde teria condições de se tornar uma economia avançada. "E quando observadores da União Africana dizem que em Cabo Verde se compra votos, eu, como cabo-verdiano, sinto-me triste", afirma.
O compromisso foi aceito por Manuel Inocêncio Sousa, e os mandatários das duas candidaturas devem assinar o pacto ético esta semana.
Autor: Nélio dos Santos
Edição: Francis França / Renate Krieger