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Sissoco recusa nomear Simões Pereira como primeiro-ministro

Lusa
19 de maio de 2023

Presidente guineense diz que é uma questão de coerência. Para líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, as declarações de Sissoco Embaló são uma "afronta ao povo guineense".

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Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló
Foto: Afolabi Sotunde/REUTERS

O Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, anunciou hoje que não irá nomear Domingos Simões Pereira para o cargo de primeiro-ministro em caso de vitória da coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI) - Terra Ranka nas eleições legislativas de 4 de junho. 

Falando na inauguração do porto de pesca artesanal, construído pela China, no bairro de Bandim, em Bissau, Sissoco disse que não colocará entrave a um primeiro-ministro proposto pela coligação, desde que não seja o nome do antigo chefe do executivo Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

No passado, "eu disse 'Domingos Simões Pereira nunca o vou nomear' [como primeiro-ministro]. Tem de ir à Justiça e esclarecer as questões que pendem sobre si. Isso também é válido para o Geraldo [Martins]. É claro e repito, mas isso não significa que, se a coligação do PAIGC vencer, vou dizer que não" deve formar Governo, afirmou Embaló. 

Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC
Domingos Simões Pereira considera as declarações do Presidente guineense uma "afronta ao povo"Foto: Jao Carlos/DW

O Presidente guineense referiu que não tem nada contra o PAIGC, que lidera a coligação PAI - Terra Ranca. 

"Afronta ao povo"

Por sua vez, Domingos Simões Pereira, afirma que as declarações de Umaro Sissoco Embaló são uma "afronta ao povo guineense".

"É importante que todo o mundo compreenda que não é uma afronta ao Domingos Simões Pereira, à Plataforma da Aliança Inclusiva, nem às alianças que se possam estabelecer, é uma afronta ao povo guineense, porque essa afirmação só pode significar uma coisa, que o Presidente está a afirmar que não está disposto a aceitar e respeitar a escolha livre do povo guineense", afirmou Simões Pereira.

O também líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) falava no final da assinatura de um acordo de coligação com um grupo de 18 partidos políticos, que não se candidataram às legislativas de 4 de junho.

"Compete ao povo guineense responder ao Presidente da República e eu conto que é o que vai acontecer no dia 4 de junho. Quando o povo soberanamente afirmar a sua escolha, Deus vai dar-nos saúde para estarmos aqui todos a testemunhar quem é que vai impedir o povo guineense de fazer a escolha livre e transversal no dia 4 de junho", disse Domingos Simões Pereira. 

O líder da PAI -Terra Ranka disse também que o chefe de Estado devia ser o primeiro a compreender que a "partir do início da campanha eleitoral, os órgãos não envolvidos na campanha eleitoral devem retirar-se do debate político". 

"O Presidente da República devia manter-se equidistante, neutral, respeitador das normas constitucionais, porque esse é o pressuposto para que todos o possam aceitar também como primeiro magistrado da Nação e não é o que está a acontecer", disse Simões Pereira.

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Pós-eleições

Domingos Simões Pereira foi o candidato que disputou a segunda volta das presidenciais guineenses contra Umaro Sissoco Embaló em 2019 e Geraldo Martins, antigo ministro das Finanças, é o atual vice-presidente do PAIGC.

O Presidente guineense referiu ainda ser possível que o Movimento da Alternância Democrática (MADEM-G15) venha a propor uma coligação pós-eleitoral ao PAIGC ou vice-versa, caso um dos partidos esteja na frente nos resultados eleitorais. 

"As pessoas estão a cometer um erro de avaliação. Os dois partidos são próximos um do outro porque um nasceu do outro", disse Sissoco Embaló, numa referência ao MADEM-G15, fundado por dissidentes do PAIGC, entre os quais o próprio chefe de Estado.

Sem citar o nome de uma formação política, quando falava do erro de avaliação, Embaló estava a referir-se ao Partido da Renovação Social (PRS) que faz parte do atual Governo de iniciativa presidencial, mas que tem atacado as ações do Executivo durante a campanha eleitoral. 

Vários analistas políticos guineenses admitem ser provável que o PRS e a coligação PAI - Terra Ranca venham a estabelecer um entendimento pós-eleitoral para viabilizar o próximo Governo. 

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