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Sociedade civil guineense insiste em presidenciais este ano

Iancuba Dansó (Bissau)
16 de abril de 2024

Frente Popular, da sociedade civil, critica a "desgovernação" durante o mandato do Presidente guineense. Exige ainda a realização das eleições presidenciais este ano, contrariamente à pretensão de Sissoco Embaló.

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Eleições na Guiné-Bissau em março de 2019
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou

O Presidente Umaro Sissoco Embaló insiste que as eleições presidenciais só se devem realizar em 2025. Os cadernos eleitorais estão a ser atualizados, mas supostamente apenas para as legislativas antecipadas. E isto é algo que a Frente Popular quer evitar.

A organização, composta por cidadãos guineenses de várias franjas sociais, exige eleições presidenciais ainda este ano, de acordo com o estipulado na lei.

Além da "funcionalidade" de todas as instituições democráticas, nomeadamente o Parlamento, o Governo e o Supremo Tribunal de Justiça (STJ), "é necessário o respeito escrupuloso do calendário eleitoral", afirma o coordenador da Frente Popular, Armando Lona, em declarações à DW África.

"O nosso país deve ir às urnas para as eleições presidenciais, ainda este ano", sublinha.

Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló
Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco EmbalóFoto: Privat

Frente Social queixa-se de "descalabro total"

Em carta aberta endereçada a Umaro Sissoco Embaló, a 12 de abril, a Frente Popular, exigiu a cessação de alegadas "ingerências" do Presidente da República no funcionamento das instituições judiciais e apelou ao chefe de Estado que cumpra "com a obrigação constitucional de respeito aos princípios de separação de poderes e de independência do poder judicial". 

Na missiva, os subscritores assinalam que os quatro anos de Sissoco Embaló na Presidência da República foram marcados por perseguições políticas, instrumentalização de instituições judiciais para práticas de "caça às bruxas" e uso da guarda presidencial para perseguir e agredir cidadãos guineenses, em livre exercício das suas liberdades. 

Armando Lona considera grave a situação do país. "A Frente Popular surgiu em reação àquilo que o país está a viver neste momento, uma situação de descalabro total das instituições da República, da fome, da situação da saúde pública, da educação, das infraestruturas, do bloqueio das instituições da República e do abismo", disse.

Crise política: Guiné-Bissau em condições de ir a eleições?

A organização da sociedade civil considera ilegal o decreto presidencial que dissolveu o Parlamento guineense em dezembro passado e, por isso, exige a retirada das forças de defesa e segurança na sede da Assembleia Nacional Popular (ANP), para permitir o acesso dos deputados às instalações. 

Uma oportunidade?

Para o jornalista Bacar Camará, a carta aberta da Frente Popular é uma oportunidade para o Presidente da República corrigir as suas ações, "evitando que o país sofra mais com este retrocesso assinalado na democracia".

Mas Bacar Camará alerta que, para a tomada de medidas corretivas, será preciso que o Presidente da República "procure encontrar áreas de convergência e fuja das pessoas que procuram, através do Presidente da República, resolver os seus problemas económicos".

"Isso aconteceu com vários chefes de Estado que dirigiram este país e que foram induzidos em erros, e depois toda a culpa caiu sobre eles", assinalou.

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