São Tomé e Príncipe tem novos casos de "doença desconhecida"
25 de fevereiro de 2017Os hospitais em São Tomé e Príncipe registaram esta semana 42 novos casos da chamada "doença desconhecida", que já foi diagnosticada em quase 2 mil pacientes desde outubro do ano passado em todas as regiões do país. Apesar dos registos, as autoridades de saúde do país afirmam que o número de infectados "está com tendência para diminuir".
Seis meses depois de a doença começar a afetar o sistema nacional de saúde do arquipélago, o Governo diz ter chegado a conclusão de que se trata de uma "celulite necrotizante". Contudo, ainda não é conhecida uma cura para a doença.
"O tratamento direcionado para esta doença em concreto ainda não temos", disse Maria Tomé Palmer, diretora dos cuidados de saúde são-tomense.
De acordo com a médica, os pacientes estão a ser tratados com "uma combinação de antibióticos", conforme a orientação de um infecciologista português, o primeiro a ser chamado pelo governo são-tomense para analisar a doença.
"Porque está envolvida a infecção da pele que depois rapidamente desenvolve para necrose, com a morte do tecido", explica Maria Tomé Palmer, sublinhando desconhecer até então o agente patológico que causa a infecção.
Mais de 50 amostras foram enviadas para laboratórios especializados nos Camarões, Benim, Portugal e Bélgica para determinar o agente etiológico responsável pela doença e sua propagação, informou a médica.
Plano de ação
O Governo também aprovou um "plano de ação" de combate ao surto e criou um comité nacional e outro multidisciplinar para fazer face a doença que preocupa seriamente as autoridades.
A organização mundial da Saúde (OMS) enviou para São Tomé uma representante para "acompanhar de perto e coordenar o surto epidémico". Outros dois consultores epidemiologistas da OMS chegaram a São Tomé esta semana para trabalhar com os médicos nacionais para esclarecimento dos agentes causadores dos casos de celulite necrosante.
Segundo a diretora dos cuidados de saúde, a faixa etária mais atingida pela enfermidade é a partir dos 35 anos, sendo que os homens representam 57% e mulheres 43%. A doença alastrou-se para todos os distritos do país.
Número de infectados pode ser menor
Em janeiro deste ano as autoridades sanitárias haviam avançado 1.994 casos de pessoas infectadas pela doença de origem desconhecida, porém o Ministério da Saúde considera que este número deve ser menor, uma vez que alguns pacientes tiveram o caso registado em mais de um posto de saúde. As autoridades estão a verificar os livros de registo, mas acredita-se que "o número não ultrapassa os 1.350 casos", referiu o ministério.