Síria: Rebeldes tomam cidade estratégica
6 de dezembro de 2024Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido, antes dos rebeldes tomarem a cidade de Hama, houve forte batalha nas ruas com o Exército sírio – do Presidente Bashar al-Assad
Os rebeldes anunciaram mais tarde "a libertação completa da cidade de Hama”.
Num vídeo publicado na Internet, o líder do HTS, Abu Mohammed al-Jolani, disse que os seus combatentes entraram em Hama para "limpar a ferida que dura há 40 anos na Síria”, referindo-se à repressão da Irmandade Muçulmana em 1982, que causou milhares de mortos.
O Exército sírio admitiu ter perdido o controle da cidade, estrategicamente situada entre Alepo e a sede do poder de Assad, em Damasco. Ali Mahmoud Abbas, ministro da Defesa disse que a saída das tropas governamentais de Hama foi uma medida tática temporária.
"As nossas forças continuam posicionadas em volta das cidade e totalmente preparadas e prontas para comprimir os seus deveres constitucionais”.
ONU: "Diálogo sério"
O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, entende que a escalada de violência na Síria é reflexo "de um fracasso coletivo crónico dos anteriores acordos de paz”.
"É chegada a hora de um diálogo sério, para restaurar a soberania, unidade, independência e a integridade territorial e encontrar as legitimas aspirações do povo sírio”, disse Guterres.
O grupo islamita HTS, apoiado pela Turquia, lançou a sua ofensiva há pouco mais de uma semana, altura em que começou o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah, aliado do Presidente sírio, Bashar al-Assad no Líbano.
Depois de ocupar a cidade de Hama, os rebeldes estão agora a avançar para Homs, que fica a apenas 40 km a sul.
Aqui, dezenas de milhares de membros da comunidade minoritária alauíta do Presidente Bashar al-Assad estavam a fugir da cidade nesta quinta-feira (05.12). Khaled, que vive nos arredores da cidade, disse à AFP: "A estrada que leva à província de Tartus está a brilhar... devido às luzes de centenas de carros que estão a sair”.
Haidar, 37 anos, que vive num bairro de maioria alauíta, disse à AFP que "o medo tomou conta de Homs: "Nunca vi esta cena na minha vida. Estamos com muito medo, não sabemos o que está a acontecer de uma hora para a outra".
Conseguiu mandar os seus pais para Tartus, mas ainda não encontrou um carro para o levar a ele e à sua mulher "devido à grande procura”. Na província de Tartus localiza-se uma base naval operada pela Rússia, aliada de Assad que se manteve segura durante 13 anos de guerra.
Riscos de abusos
Estima-se que mais de 800 pessoas na sua maioria combatentes, foram mortas na Síria desde o início da violência na semana passada. Só na província de Hama, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos registou mais de 200 mortes desde terça-feira (03.12) à noite.
As Nações Unidas indicaram na quarta-feira que 115.000 pessoas foram "recentemente deslocadas em Idlib e no norte de Aleppo” devido aos combates.
Por seu turno, a ONG Human Rights Watch alerta que devido aos combates vários civis enfrentam um risco real de abusos graves às mãos dos grupos armados da oposição e do Governo sírio”.