Um ano sem Mugabe: O Zimbabué avançou?
19 de novembro de 2018Há um ano, o Zimbabué aguardava com expetativa a renúncia do então Presidente Robert Mugabe. A 15 de novembro, os tanques do exército invadiram as ruas da capital Harare, no que foi descrito como uma intervenção militar.
Mugabe tentou resistir, mas, seis dias depois, após várias tentativas de negociação falhadas e uma ameaça de impedimento, o chefe de Estado há 37 anos no poder acabou mesmo por ser forçado a renunciar no dia 21 de novembro.
A chegada ao poder do seu sucessor, Emmerson Mnangagwa veio, na altura, acompanhada de uma grande dose de euforia e esperança num futuro melhor para o Zimbabué. Mas agora, um ano depois, as opiniões dividem-se. O sucessor de Mugabe, Emmerson Mnangagwa, tem em mãos uma crise económica que é já considerada por muitos como a pior dos últimos dez anos.
A oposição, que há um ano atrás apoiou a saída de Mugabe, entende que a população foi enganada. É o que diz Jacob Mafume, principal porta-voz da oposição. "O que percebemos é que removemos uma pessoa e não um sistema. Infelizmente, colocamos no topo os arquitetos do sistema. Todos os males que se manifestaram na era de Mugabe estão de regresso".
As críticas da oposição ao atual Governo têm-se sucedido desde as eleições presidenciais, que se realizaram a 30 de julho, e que declararam Emmerson Mnagagwa Presidente do Zimbabué. A oposição nunca aceitou a derrota do seu candidato Nelson Chamisa.
Pontos positivos?
No entanto, e aos olhos do analista político Alexander Rusero, há pontos positivos na governação do atual executivo. "Vimos certas liberdades que eram muito difíceis de ter durante a era de Mugabe e que agora existem".
Nas ruas da capital Harare, não há pontos positivos a apontar à governação de Mnangagwa. A população tem estado a sofrer com a crise económica, já conhecida pelos preços exorbitantes e a escassez de produtos básicos.
Não há por isso palavras meigas para o Executivo. "A minha mulher está na fila para o pão e eu estou aqui na fila para o combustível. Mnangagwa falhou", disse um zimbabueano.