"Várias pessoas irão querer seguir o meu caminho"
A história de Jaime Pacante, moçambicano de 23 anos, reflete um pouco as deficiências do mercado de trabalho em Moçambique. O jovem oriundo da província de Tete (centro), faz parte de um grupo de moçambicanos que está no Brasil desde agosto para treinamento profissional na área de mineração.
O grupo foi enviado pela segunda maior mineradora do mundo, Vale, que opera numa mina de carvão em Moatize, na província de Tete, e numa ferrovia ligando a região ao porto da Beira, na província de Sofala, também no centro do país.
Nas cidades brasileiras de Belo Horizonte, Minas Gerais, e Carajás, no Pará, o grupo de moçambicanos tem a oportunidade de colocar em prática a teoria adiquirida no treinamento. "Porque em Moçambique, nós não viamos os componentes. Só conseguíamos ter acesso às ilustrações e aos videos. Aqui é bem diferente. Consigo ver a ilustração, tenho a oportunidade de pegar no físico e compará-lo na sala de aula", relata Jaime Pacante.
Falta de Mão de Obra
A indústria moçambicana, ainda em desenvolvimento, enfrenta a falta de mão de obra qualificada em vários setores. Um deles, é o de mineração. A dificuldade fica clara para as empresas que chegam ao país como explica Américo Sarmento, supervisor de treinamento da Vale: "A indústria de Moçambique é ainda emergente, sobretudo a de mineração, ela é recente. É muito dificil conseguir mão de obra especializada", destaca Sarmento.
Para driblar o problema, empresas como a Vale decidiram capacitar os próprios profissionais. Desde 2009, a mineradora brasileira qualificou mais de 800 técnicos moçambicanos para as áreas de mina, central elétrica, manutenção e operação de locomtiva. O envio de profissionais ao Brasil faz parte do treninamento.
Nova Turma
Jaime Pacante, de 23 anos, viajou mais de nove mil quilómetros entre Moçambique e o Brasil. Eletricista de formação, Pacante aposta na qualificação que está a receber para se desenvolver profissionalmente e até influenciar outros jovens em relação à importância de se adquirir conhecimento.
"Eu sei que atrás de mim, existem várias pessoas que irão querer seguir o meu caminho e aí ajudarei o meu país diretamente", afirma o jovem moçambicano que chegou a abandonar um antigo emprego para adquirir conhecimento técnico.
As vagas em Moçambique existem, mas estão voltadas principalmente para a área técnica. E a maioria das pessoas não possui essa qualificação.
O grupo de 56 moçambicanos, entre eles Jaime Pacante, chegou ao Brasil em agosto passado e durante nove meses participará do treinamento profissional no país sul-americano.
Autor: Wellington Carvalho
Edição: António Rocha