Vítimas do ciclone Idai na Zambézia: A vida renasce no centro de reassentamento
No centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, os desalojados refazem a vida. Constroem as suas próprias casas com o material distribuído pelo INGC. Até uma escola está a ser edificada.
A escola ficou mais longe
As crianças do centro de reassentamento de Dugudiua, na província central da Zambézia, ficaram sem escola na sequência do ciclone Idai. Algumas tiveram de se mudar para casas de familiares que vivem próximo da estrada, para ficarem mais perto da escola mais próxima. Mesmo assim percorrem longas distâncias para lá chegarem.
Faltam terrenos
O régulo ″Dugudiua” pede ajuda para a população reassentada. A maioria das famílias não tem casa e nem terreno. Os terrenos distribuídos pelas autoridades não são suficientes para as mais de 200 famílias carenciadas.
Terrenos agrícolas para habitação
A falta de terrenos para a habitação está a obrigar os desalojados a ocuparem alguns campos destinados a agricultura. Estão a ser ocupados de forma provisória, porque em breve as famílias serão retiradas do espaço, segundo relatam as vítimas das enchentes.
Já há mercado, mas...
Um comerciante convidou alguns amigos a instalar um pequeno mercado no centro de acomodação das vítimas das cheias no distrito de Nicoadala em Dugudiua. Madjembe, pende, e camarão, são os alimentos preferidos pelas famílias. Devido à falta de peixe fresco e dinheiro alguns fazem as refeições sem caril, o molho indispensável nas refeições de muitos moçambicanos. As verduras são a principal opção.
Lonas como cobertura
Nesta casa vivem sete pessoas, marido, mulher e filhos. Devido à falta de material para cobrir o teto as famílias recorrem a lonas ou coberturas plásticas oferecidas pelo governo provincial da Zambézia.
Desalojados constroem escola
Um grupo de pais organizou-se para construir esta escola que vai lecionar da 1ª a 7ª classe, porque desde fevereiro os filhos não estudam por falta de escola. A região onde se situa o centro de reassentamento, em Dugudiua, a escola terá apenas uma sala para as sete classes. A construção iniciou segunda feira (13.05.) e prevê-se que termine este final de semana.
Casa - modelo
As imensas dificuldades para aquisição de material de construção obrigam os desalojados a optarem pela construção de casas deste modelo, feita de paus e lonas. É a única forma de garantirem um teto.
Não há latrinas
Ativistas de saúde lamentam a falta de organização territorial. Isso dificulta a construção de latrinas. Até hoje as mais de duzentas famílias não têm latrinas e nem casas de banho, porque estão a ser movimentadas de um lado para o outro, não possuem um terreno fixo.
A água levou os documentos
Desde segunda-feira (13.05.), está em curso o registo civil dos habitantes do centro de acomodação de Dugudiua. Nenhuma das vítimas possui documentos de identificação. Os seus documentos desapareceram com as inundações.
Com as próprias mãos faz a sua casa
Jeremias Rui, pai de 4 filhos, diz que está empenhado na construção da sua casa que começou a ser edificada há duas semanas. Apesar da falta de material de construção, conseguiu receber lonas que cobrem o teto e a base da casa do INGC, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades. Antes, dormia ao ar livre porque ainda não tinha recebido um terreno do governo provincial.
Água não falta
É a única fonte de água no centro de reassentamento que abastece com o precioso líquido mais de 200 famílias. É um fontenário manual e suporta a demanda do centro. A água é usada para beber, tomar banho, lavar a roupa e a loiça.
Onde construir a casa?
Emilia Aguenta está empenhada na construção da sua casa, ao lado do seu marido. Tem cinco filhos e está abalada como as outras familias porque não sabe onde construir a sua casa. Por duas vezes foi alertada para sair do terreno por um grupo de técnicos topógrafos. Estes alegam que foi ocupado um espaço delimitado para uma rua, dentro do centro de reassentamento