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MúsicaEuropa

1973: Maria Callas despede-se dos palcos europeus

Catrin Möderler

Em 8 de dezembro de 1973, Maria Callas, considerada a maior diva da ópera de todos os tempos, deu seu último concerto em Paris. Com a voz enfraquecida, a cantora afastou-se definitivamente da vida pública.

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Maria Callas com o então diretor geral da Metropolitan Opera de Nova York, Rudolf Bing, em 1958
Maria Callas com o então diretor geral da Metropolitan Opera de Nova York, Rudolf Bing, em 1958Foto: John Lent/AP/picture alliance

A "voz do século" deixava de brilhar. Chegava ao fim uma carreira de 30 anos, dez dos quais no auge – o suficiente para garantir sua imortalidade. Nos anos que se seguiram, Maria Callas viveu à sombra daquilo que um dia havia sido.

A sensacional ascensão da cantora de origem grega, nascida e criada em Nova York, cujo nome real era Maria Kalageropoulos, começou no início dos anos 50. Sua voz até hoje é considerada uma raridade, abrangendo todos os registros, desde os agudos de uma soprano aos graves de uma contralto. Além disso, sua arte de representar no palco superava até mesmo a das melhores atrizes.

Prima-dona absoluta

Todas as óperas do mundo disputavam a prima-dona absoluta. No entanto, suas reservas só foram suficientes para dez anos. A partir de então, começaram a surgir as primeiras dificuldades com a voz e suas aparições em público tornaram-se cada vez mais raras. Callas passou os quase dez anos seguintes sem pisar num palco, até ser convencida de empreender uma última turnê de despedida.

Em 8 de dezembro de 1973, a diva cantou então no Théâtre des Champs-Elysées, em Paris, proporcionando aos fãs seu último concerto na Europa. "Claro que a voz não é a mesma de 20 anos atrás. Ninguém afirma isso. O público e eu sabemos disso, mas em alguns aspectos posso estar até melhor do que um dia fui: mais musical, mais passional. Muita coisa se pode melhorar", declarou Callas na época.

Despedida com o amante

O recital de despedida, com acompanhamento ao piano, foi realizado ao lado do tenor Giuseppe di Stefano – ele também uma estrela em fim de carreira. Em seus tempos áureos, os dois haviam brilhado juntos nos palcos de várias casas de ópera do mundo. Mais tarde, Stefano seria o último amante de Callas, sem no entanto conseguir pôr fim à sua profunda solidão.

"Eu não acredito que haja muitos homens que suportem ficar comigo. Eles têm medo de mim, pois penso rápido demais para eles. Além disso, têm medo de parecer bobos ao meu lado. Não é nada fácil ser o namorado da Callas", observava a diva. Apesar de tudo, os homens exerceram uma influência decisiva em sua vida.

As paixões de Callas

Seu primeiro marido, o industrial Battista Meneghini, financiou o início de sua carreira e conduziu as negociações dos contratos que assinava, tornando Callas a cantora de ópera mais bem paga do mundo. Porém Meneghini foi passado para trás quando a diva conheceu o armador grego Aristoteles Onassis.

A grande paixão, contudo, não trouxe sorte a Maria Callas. Onassis abandonou-a para se unir a Jackie Kennedy, viúva do presidente americano, ferindo assim o orgulho da bela e glamourosa estrela. Foi aí que Maria Callas começou a perder a voz. Seus concertos de despedida davam apenas uma vaga impressão da grandeza passada.

O triste fim

Nas palavras do crítico de música Martin Bernheimer, do Los Angeles Times, "ela estava encantadora, charmosa, muito graciosa, mas com a voz completamente destruída": "O vibrato estava praticamente fora de controle, o timbre fraco e sem expressão. Os agudos eram um perigo para ela. Callas já havia selecionado cuidadosamente o repertório do pouco que cantava, a fim de evitar as notas mais agudas. A grande decepção para mim não foi, no entanto, ela estar cantando mal, mas que a grande cantora e atriz não conseguisse transmitir mais nada ao público."

Depois da dolorosa turnê de despedida, a diva afastou-se definitivamente da vida pública. A perda de sua voz e sua arte lhe tirou aos poucos a vontade de viver. Quatro anos mais tarde, em 1977, morria Maria Callas, aos 54 anos de idade, de insuficiência cardíaca.