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ConflitosIsrael

Após Israel recuar, EUA dizem que cessar-fogo será cumprido

Publicado 16 de janeiro de 2025Última atualização 16 de janeiro de 2025

Governo israelense acusa Hamas de querer mais concessões e gerar "crise de última hora". EUA insistem que acordo entrará em vigor no domingo apesar de "pontas soltas".

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Em foto do dia 15 de janeiro, israelenses protestam pedindo um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza e soltura dos reféns
Governo de Benjamin Netanyahu tem sido pressionado por famílias dos reféns ainda mantidos em Gaza a aceitar um acordoFoto: Ronen Zvulun/REUTERS

Após o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusar o Hamas de provocar uma "crise de última hora" e anunciar nesta quinta-feira (16/01) o recuo de um cessar-fogo, o governo dos Estados Unidos insistiu que o cronograma do acordo será cumprido.

"Espero plenamente que a implementação comece, como dissemos, no domingo [19/01]", disse o secretário de Estado americano, Antony Blinken, em uma coletiva de imprensa em Washington.
 
"Não é exatamente surpreendente que em uma negociação que tem sido tão desafiadora e tão complicada, você tenha uma ponta solta", afirmou Blinken. "Estamos arrumando essa ponta solta enquanto falamos", completou.

O cessar-fogo – que deve permitir a libertação de dezenas de reféns nas próximas semanas –  havia sido anunciado nesta quarta, no Catar, e esperava-se que o gabinete israelense ratificasse o acordo no final desta quinta. Mas o governo de Israel advertiu que não aprovaria a sua implementação até que as supostas divergências sejam esclarecidas. Se aprovado, o acordo deverá entrar em vigor em 19 de janeiro.

Um menino passa em frente e observa um prédio destruído, com manchas de sangue nas ruínas.
Estima-se que em 15 meses de conflito, quase 47 mil pessoas morreram na Faixa de GazaFoto: BASHAR TALEB/AFP/Getty Images

Netanyahu acusa Hamas de pedir novas concessões

O gabinete de Netanyahu acusou o Hamas de renegar parte do acordo em uma tentativa de "extorquir concessões de última hora", sem oferecer mais detalhes.

"O Hamas está violando partes do acordo alcançado com os mediadores e Israel em um esforço para extorquir concessões de última hora", anunciou o governo israelense, acrescentando que "não se reunirá até que os mediadores notifiquem Israel de que o Hamas aceitou todos os elementos do acordo".

Em contrapartida, o Hamas disse estar determinado a respeitar o acordo conforme anunciado e que não sabe a quais exigências Netanyahu se refere, negando uma suposta oposição ao trato. Em um comunicado, o grupo afirmou que está "comprometido com o acordo de cessar-fogo anunciado pelos mediadores".

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o principal mediador, o Catar, anunciaram na noite de quarta-feira um acordo que, além de silenciar as armas, permitiria a libertação de 33 reféns nas próximas seis semanas em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos e da retirada das forças israelenses das áreas mais populosas da Faixa de Gaza.

No início desta quinta-feira, as Forças Armadas de Israel lançaram ataques que mataram pelo menos 70 pessoas em diferentes partes do enclave palestino, segundo informações divulgadas pela agência de notícias Reuters.

A polarização brasileira sobre Israel e Hamas

Hamas contesta alegações de Israel

Basem Naim, membro do gabinete político do Hamas, reiterou à agência EFE que não estava ciente dos argumentos e declarações de Netanyahu sobre as hipotéticas novas demandas.

Além disso, um dos porta-vozes do grupo islâmico, Sami Abu Zuhri, acusou Israel de tentar "criar tensão em um momento crítico" e exigiu que o governo dos Estados Unidos aplicasse o acordo.

"Não há espaço para debate ou para Netanyahu evitar implementar o acordo de cessar-fogo", disse Zuhri à emissora catariana Al Araby.

No início da manhã desta quinta, a direção do grupo de Sequestrados, Repatriados e Desaparecidos do gabinete governamental israelense informou às famílias das vítimas de sequestro sobre o possível revés nas negociações.

"Os detalhes do acordo ainda não foram finalizados, e a equipe de negociação continua seus esforços para chegar a uma solução", afirmou a organização em um comunicado, pedindo que as famílias confiem apenas em informações de fontes oficiais.

Disputas internas em Israel

De acordo com a emissora pública israelense Kan, o atraso repentino da votação do governo pode se dever a "deliberações em curso" do partido Sionismo Religioso, liderado pelo ministro das Finanças, o colono de ultradireita Bezalel Smotrich, sobre se deve ou não abandonar o Executivo assim que o cessar-fogo for aprovado.

Tanto Smotrich quanto Itamar Ben Gvir, outro colono ultradiretista e ministro da Segurança Nacional, se opõem ao que consideram um acordo de "rendição" com o Hamas, o que também impediria seus anseios de que colonos judeus reocupassem o enclave palestino após a guerra.

Ainda que o partido Sionismo Religioso abandone o governo, no entanto, Netanyahu seguiria tendo apoio majoritário para dar sinal verde ao cessar-fogo, que entraria em vigor no domingo, após mais de 15 meses de conflitos e quase 47 mil mortos em Gaza.

gb/md/gq/ra (EFE, Lusa, Reuters, AP, OTS)